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12/05/2006 - 10h59

Oscar Niemeyer encontra Dan Brown e Lula em livro

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EDUARDO SIMÕES
da Folha de S.Paulo

Aos 98 anos, Oscar Niemeyer anda mais do que atento ao noticiário. Prova disso é "Sem Rodeios", conto que o arquiteto acaba de lançar pela Revan, editora que abriga outros dez títulos de sua autoria. Nele, Niemeyer acompanha as conversas entre três amigos, em torno de assuntos tão atuais quanto o best-seller "O Código Da Vinci", a crise no governo Lula e as ameaças de investidas de Bush no Irã.

"No meu escritório, vem muita gente. Tem meia dúzia de amigos que sempre vêm aqui. É gente ligada à política, ao que se passa no mundo. De modo que a gente está sempre a par do que acontece", conta o arquiteto, que pinça de outra entrevista um comentário político: "Penso exatamente como o Chico Buarque: estou com o Lula, mas sem entusiasmo".

Atual

"Sem Rodeios" reúne, nas palavras do próprio Niemeyer, as conversas de "um padre conciliador, um português falastrão e abusado e um comunista, que está falando mais pela minha boca". O livro, que o autor insiste em chamar de desimportante ("fiz só para passar o tempo, me distrair"), revela um Niemeyer contemporâneo, que leu "O Código Da Vinci" ("Achei muito interessante. É uma idéia fantástica, que fere a religião, mas que é muito viável"), concorda com o Prêmio Pritzker dado a Paulo Mendes da Rocha ("Foi bem escolhido, ele merece") e acredita que Bush já não tem a mesma capacidade de inventar ameaças, como a que justificou a ocupação do Iraque.

"Ele está recebendo o troco de sua campanha de invasão a países indefesos, à base de mentiras deslavadas. Mas eu sempre digo: as coisas acontecem em função do inesperado. Não adianta imaginar o que vai acontecer, porque o inesperado nem sempre é favorável", ressalva o arquiteto.

Atento, Niemeyer comenta sobre a crise boliviana: "Veja o que aconteceu agora com a Bolívia. Uma coisa inesperada, que prejudicou o sonho de união da América Latina, a coisa que mais nos interessava. Os bolivianos foram grosseiros, nos ofenderam, entraram com soldados na Petrobras".

A crise deflagrada com a nacionalização das reservas de gás natural da Bolívia, acredita Niemeyer, tirou o presidente Lula da posição de líder político do continente. Em termos de política interna, o arquiteto não é mais otimista: Niemeyer diz que nunca viu, em toda a República, "esse clima de denúncia, de roubalheira total". Ele acha muito cedo, no entanto, para avaliar se há um candidato alternativo no cenário.

"Se a gente continuar com Lula, já satisfaz. Apesar de ele não ter a decisão que a gente esperava, ele cuida do povo, tem base popular, é decente, honesto. Mas não adianta pensar em nada que acontece o contrário. É feito o João Saldanha dizia: 'A vida leva a gente para onde ela quer'."

Do grevista de fome e pré-candidato à Presidência pelo PMDB, Anthony Garotinho, Niemeyer diz sentir pena.

"Coitado. É tão ridículo. É uma coisa fantástica que isso ainda ocorra no Brasil, um sujeito que é candidato à Presidência com essas atitudes. É uma merda."

Obras

Cidadão "papo reto", o arquiteto Niemeyer acaba de ter sua marca registrada --as curvas-- inscrita num novo livro. Em "Oscar Niemeyer 360º - Minhas Obras Favoritas", 22 de suas criações aparecem fotografadas em 360º.

"Era um sonho antigo ver a obra de Niemeyer com essa técnica, que possibilita mostrar bem a relação dele com as curvas. Selecionamos as obras que seriam fotografas com o próprio Niemeyer", conta o fotógrafo Rogério Randolph, que dividiu a tarefa com Luiz Cláudio Lacerda.

Sem Rodeios
Autor: Oscar Niemeyer
Editora: Revan
Quanto: R$ 32 (56 págs.)

Oscar Niemeyer 360º - Minhas Obras Favoritas
Autores: Rogério Randolph e Luiz Cláudio Lacerda
Editora: 360º Editora
Quanto: R$ 150 (238 págs.)

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Oscar Niemeyer
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