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14/05/2006
-
09h05
LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo
O atendente da Igreja da Cientologia na Vila Mariana (SP) foi simpático. Sem saber que se tratava de uma reportagem, perguntou se havia dúvidas no teste de 200 perguntas. Disse que não.
Mas nem sempre foi fácil escolher entre sim, talvez e não. Em alguns casos, o "x" foi certeiro: "Alguns barulhos fazem você ranger o dente?". Não cravado. "Acha que a vida vale a pena?" Sim cravado. Mas complicou: "As pessoas gostam de estar em sua companhia?". Será? Talvez. "Os outros empurram-no?" Como assim? Literal ou metaforicamente? Vamos no talvez de novo. Pouco mais de meia hora depois, o gabarito foi passado a um computador e o mesmo atendente veio com o chamado gráfico da personalidade.
Perguntou por que a visita, respondeu dúvidas sobre a cientologia e passou ao perfil. No papel, mais pontos acima de um linha. Eram os "fortes". "Você é uma pessoa mais para a atividade, não é de ficar parada e acredita estar fazendo aquilo que pode" e por aí.
E aí, as "más notícias": "Não está atingindo alguns objetivos, o que deixa a auto-estima um pouco mais baixa. E joga a culpa no externo". Ele explica melhor: "Sabe aquele empresário que diz: 'Pô, minha empresa não cresce, mas também o governo!' Mas outras empresas estão crescendo".
Foi mais de uma hora de conversa, quando ele falou nos R$ 400 para "obter o benefício de jogar esses pontos para cima". "E você sabe que não é muito", sentenciou o atencioso cientologista.
Teste de personalidade
PASSO 1
Sem se identificar, a repórter da Folha procura a igreja de Cientologia da Vila Mariana; é encaminhada a uma sala para responder a um teste de 200 perguntas
PASSO 2
Durante cerca de meia hora, escolhe entre três alternativas (sim, talvez e não) para questões como "Sorri muito?", "Comete muitas gafes?", "Fica pouco à vontade em ambientes desordenados" e "As crianças o irritam?"
PASSO 3
Uma funcionária passa as respostas para um computador; após cerca de dez minutos, imprime um gráfico com o "diagnóstico"
PASSO 4
Um atendente, cujo cargo é "contato público", pergunta o que a repórter busca, fala da Cientologia, responde a perguntas e mostra um livro que está à venda no local. Passa a "analisar" a personalidade da repórter com base no gráfico.
Pontos fortes: "É uma pessoa de atividade, não é de ficar parada, tem bom nível de certeza do que faz, é de meter a cara" etc
Pontos fracos: "Há alguns objetivos que não está conseguindo atingir, por isso, a auto-estima está um pouco baixa, em vez de jogar a culpa em si mesmo, joga em coisas externas e isso faz com que não chegue lá" etc
PASSO 5
Diz que "toda a igreja vive de doação". E para melhorar os pontos fracos de minha personalidade, deveria fazer um custo de R$ 400 (à vista, em três vezes no cartão de crédito ou em duas no cheque). Tenta convencer a repórter a fechar o pacote no dia. Sem sucesso, anota o celular e marca um dia para telefonar.
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da Folha de S.Paulo
O atendente da Igreja da Cientologia na Vila Mariana (SP) foi simpático. Sem saber que se tratava de uma reportagem, perguntou se havia dúvidas no teste de 200 perguntas. Disse que não.
Mas nem sempre foi fácil escolher entre sim, talvez e não. Em alguns casos, o "x" foi certeiro: "Alguns barulhos fazem você ranger o dente?". Não cravado. "Acha que a vida vale a pena?" Sim cravado. Mas complicou: "As pessoas gostam de estar em sua companhia?". Será? Talvez. "Os outros empurram-no?" Como assim? Literal ou metaforicamente? Vamos no talvez de novo. Pouco mais de meia hora depois, o gabarito foi passado a um computador e o mesmo atendente veio com o chamado gráfico da personalidade.
Perguntou por que a visita, respondeu dúvidas sobre a cientologia e passou ao perfil. No papel, mais pontos acima de um linha. Eram os "fortes". "Você é uma pessoa mais para a atividade, não é de ficar parada e acredita estar fazendo aquilo que pode" e por aí.
E aí, as "más notícias": "Não está atingindo alguns objetivos, o que deixa a auto-estima um pouco mais baixa. E joga a culpa no externo". Ele explica melhor: "Sabe aquele empresário que diz: 'Pô, minha empresa não cresce, mas também o governo!' Mas outras empresas estão crescendo".
Foi mais de uma hora de conversa, quando ele falou nos R$ 400 para "obter o benefício de jogar esses pontos para cima". "E você sabe que não é muito", sentenciou o atencioso cientologista.
Teste de personalidade
PASSO 1
Sem se identificar, a repórter da Folha procura a igreja de Cientologia da Vila Mariana; é encaminhada a uma sala para responder a um teste de 200 perguntas
PASSO 2
Durante cerca de meia hora, escolhe entre três alternativas (sim, talvez e não) para questões como "Sorri muito?", "Comete muitas gafes?", "Fica pouco à vontade em ambientes desordenados" e "As crianças o irritam?"
PASSO 3
Uma funcionária passa as respostas para um computador; após cerca de dez minutos, imprime um gráfico com o "diagnóstico"
PASSO 4
Um atendente, cujo cargo é "contato público", pergunta o que a repórter busca, fala da Cientologia, responde a perguntas e mostra um livro que está à venda no local. Passa a "analisar" a personalidade da repórter com base no gráfico.
Pontos fortes: "É uma pessoa de atividade, não é de ficar parada, tem bom nível de certeza do que faz, é de meter a cara" etc
Pontos fracos: "Há alguns objetivos que não está conseguindo atingir, por isso, a auto-estima está um pouco baixa, em vez de jogar a culpa em si mesmo, joga em coisas externas e isso faz com que não chegue lá" etc
PASSO 5
Diz que "toda a igreja vive de doação". E para melhorar os pontos fracos de minha personalidade, deveria fazer um custo de R$ 400 (à vista, em três vezes no cartão de crédito ou em duas no cheque). Tenta convencer a repórter a fechar o pacote no dia. Sem sucesso, anota o celular e marca um dia para telefonar.
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