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14/05/2006 - 10h15

Em novela, Cuoco vira Armani com bronze e apliques

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PAULO SAMPAIO
da Folha de S.Paulo

Francisco Cuoco nunca esteve na Daslu, a famosa multimarcas da marginal do rio Pinheiros, nem mesmo para fazer o que os atores chamam de laboratório.

"Já passei ali em frente de táxi, e o motorista me apontou o prédio como se fosse um ponto turístico. Eu disse: 'Ah...'", conta Cuoco, 72, rindo com os olhos.

O ator interpreta na novela das sete, "Cobras & Lagartos", um empresário inspirado no estilista italiano Giorgio Armani --que ele tampouco tinha idéia de quem era. "Para auxiliar na composição do personagem, eles me passaram duas imagens: a do Marlon Brando em 'O Poderoso Chefão', e a do Versace...", diz o ator, errando o nome de Armani.

A produção da novela acudiu com o black-tie. "Fizeram um contato com o [estilista] Ricardo Almeida...Ele está super na moda, né?", pergunta o ator, que em um dos momentos mais marcantes de sua carreira interpretou o personagem-título da novela "O Cafona" --um novo-rico que gastava muito dinheiro em lugares como... a Daslu.

Ex-feirante criado no Brás, formado pela Escola de Arte Dramática de São Paulo e mais conhecido pelos inúmeros papéis de galã que interpretou na TV, Francisco Cuoco foi promovido --ele agora é "dono da Daslu", que, na ficção, chama-se Luxus.

A novela está indo bem, com 33 pontos de audiência nos dias de semana (índice razoável para o horário). Cuoco faz dois papéis: Omar Pasquim é o empresário rico, e Pereira, um faxineiro que se infiltra entre os empregados para saber quem conspira contra ele.

Como boa parte dos atores veteranos, Cuoco resolve o desafio, em cena, rindo de si mesmo. "O pior é quando o bigode [do Pereira] escorrega, e eu tenho de falar o texto assim", mostra, com dois dedos em cima do lábio superior (ele solta uma risada igual a de Omar Pasquim, ao mesmo tempo débil e cômica, seguida de um cacoete cênico que consiste em abrir a boca rapidamente, puxar o ar e fechá-la).

Pasquim e Pereira obrigam o ator a se submeter a uma austera rotina de troca-troca de lentes de contato, apliques e, prova suprema para sua paciência, de bronzeamento artificial.

"Um dia me queimei de verdade, coisa séria, e desde então eles passaram a me maquiar", conta. A experiência de Francisco Cuoco em moda se resume a uma participação num desfile da grife Cavalera, em que vestiu uma camiseta com a inscrição "O Astro" (novela de sucesso dos anos 70). Diz que gostou. "Foi muito interessante. Aquela mulherada trocando de roupa junto da gente... Gostei, viu?", conta ele, que foi casado por mais de 20 anos e tem três filhos.

Com 1,79 m e 93 kg, ele hoje está com o peso bem acima do que tinha na época em que era galã.

No camarim do teatro Sesi Ginástico, no Rio, onde está em cartaz com a peça "O Último Bolero", o ator veste uma camisa de manga comprida vinho para fora da calça bege, ambas amplas e confortáveis, e um sapato que ele tira dos pés durante a entrevista. "Sou completamente desprovido de vaidade. Por sorte, tenho uma profissão que se incumbe de me vestir; nunca preciso pensar muito em que roupa usar."

"Ele não se dá conta de que é o sr. Francisco Cuoco", diz a atriz Adriana Lessa, colega na peça.

Firme no papel de "boa-praça", Francisco Cuoco não vacila nem mesmo em caso de provocação. Quando perguntam como foi a briga com Carolina Ferraz, na segunda versão da novela "Pecado Capital", Cuoco responde:

"Ai, meu Deus, de novo aquela morfética [risos]. O [Du] Moscovis foi sacana, nem pra me avisar que ela era tão chata [mais risos]. O problema [sério] é que essa moça não tinha um comportamento adequado no trabalho. Eu me perguntava até que ponto ela era do ramo: atendia o celular na hora da gravação; se estava com sono, ia embora; desrespeitava todo mundo, dos contra-regras à faxineira", lembra. Procurada, a atriz não respondeu à reportagem até o fechamento desta edição.

Em 50 anos de carreira, Cuoco nunca foi de se envolver em fofocas nem de muita badalação. A produção da peça informa que, alguns dias antes da estréia, quando perguntaram quem eram seus convidados VIPs, ele reagiu com uma sonora gargalhada.

Giorgio Armani, o verdadeiro, não acharia a menor graça.

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