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07/11/2000 - 04h34

Julián Boal apresenta visão crítica sobre teatro popular dos anos 60

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da Folha de S.Paulo

Na última terça, "As Imagens de um Teatro Popular", livro que marca a estréia literária de Julián Boal, foi lançado com debate entre especialistas no auditório da Folha.

Além do autor, participaram do evento o dramaturgo Chico de Assis e o ator, diretor e teatrólogo Fernando Peixoto. Também esteve presente o dramaturgo Augusto Boal, pai de Julián e um dos mais importantes militantes dos Centros Populares de Cultura, os CPCs, tema do livro.

A obra é uma versão revista e ampliada de sua dissertação de mestrado,
realizada na Universidade Sorbonne, em Paris.

"Minha intenção era pesquisar o teatro nacionalista brasileiro, mas, por
questões acadêmicas, restringi minha pesquisa a um período específico, no caso, durante a existência dos Centros Populares de Cultura", disse Julián Boal.

Os CPCs tiveram um período bastante curto. Criados em 1961, foram
extintos em 1964 pelo regime militar.

A intenção de Boal foi "revelar o Brasil veiculado pelos CPCs". "Realizei a pesquisa em dois momentos: sobre quem proferia o discurso e sobre a legitimidade do movimento, isto é, os meios utilizados para tanto."

O resultado do livro revela uma avaliação crítica dos CPCs. "Havia uma grande sinceridade e vontade de transformação por parte de seus membros, mas, ao mesmo tempo, eles utilizavam métodos contraditórios com seus objetivos."

Justamente essa postura crítica foi apontada pelos debatedores como o grande mérito do livro. "É vital aprofundar dúvidas e contradições nos CPCs, pois estudar o significado daquele momento é estimular o confronto com a realidade hoje", afirmou Fernando Peixoto. O diretor foi participante dos CPCs e confirmou o caráter "dogmático e a falta de diálogo com o público" apontados no livro de Boal.

Já Assis ressaltou "o aprendizado sobre a cultura brasileira no trabalho dos CPCs". Entretanto o dramaturgo, também militante do movimento, confirmou os problemas apontados por Boal. "Minha idéia nunca foi mesmo aquela, eu achava que era muito importante misturar, provocar um diálogo mais amplo, o que ficou muito restrito aos estudantes de classe média", disse.

Comparação inevitável, durante o debate, Julián falou sobre a relação entre os CPCs e o Teatro do Oprimido (TO), criação de seu pai. "O TO é encenado apenas por quem tem um problema, o que não era o caso dos CPCs, que tinha uma ação mais paternalista."
 

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