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22/05/2006
-
10h28
MARÍA CARMONA
da France Presse, em Cannes
O filme "Sonhos de Peixe", apresentado no domingo no Festival de Cannes, é o resultado de uma história de amor entre o cineasta russo Kirill Mikhanovsky e o Brasil, e da "revelação" que foi para ele conhecer a baía Formosa, um povoado da costa nordestina.
Apresentado na seção paralela Semana da Crítica, "Sonhos de Peixe" é uma co-produção entre Brasil e Estados Unidos, sob a direção de Mikhanovsky. O diretor pinta uma aldeia de pescadores, onde a vida é ritmada pelo duro trabalho no mar, as telenovelas acompanhadas apaixonadamente e os sonhos de fugir para outros horizontes.
Nascido na Rússia, Mikhanovsky foi com a família para os Estados Unidos ainda adolescente. Depois de estudar lingüística e antropologia na Universidade de Wisconsin, decidiu dedicar-se ao cinema e realizou o primeiro curta, "Terra, Terra", já dedicado ao Brasil.
Em entrevista à France Presse, ele falou sobre a relação com o Brasil. "Fiz meu primeiro curta influenciado pela música brasileira. Meu interesse pelo Brasil começou com a música, o que pode parecer banal, 'gringo' e estereotipado, mas não tinha uma idéia estereotipada do Brasil e sim um grande interesse pelo país", disse.
"Trabalhei e vivi em São Paulo durante dois anos. São Paulo é um inferno urbano, trabalhava de 14 a 16 horas por dia, passei muito tempo sem dinheiro, comendo mal, foi muito difícil. Isto não é uma crítica, é para dizer que não fui ao Brasil fazer turismo. Foi uma experiência de vida dura, como poderia ter sido em qualquer outra grande cidade, como México ou Nova York."
Ao viajar pelo país, ele encontrou a baía Formosa. "Foi o povo que me deu a idéia de fazer o filme. Muitas coisas começam ali. Aprendi muito da vida de sua gente, de seus pescadores. Baía Formosa foi especial, de certo modo, uma revelação", contou Mikhanovsky.
"Não tenho uma visão idealizada do lugar. É muito triste. Está perdendo sua beleza, transformado pelo turismo e dentro de um tempo não mais existirá como é, e não parece que haja vontade de preservá-lo", disse. "Cheguei com minha própria bagagem de sensibilidades. Senti o lugar com a visão que me é própria."
Música
Mikhanovsky considera que o essencial é "não trair a realidade que se está filmando, deixar que as pessoas falem, tratar o texto como se fosse música". "Sonhos de Peixe" foi "filmado no nordeste e é um filme nordestino", destacou.
O longa é interpretado por atores não profissionais, os verdadeiros moradores do povoado, com duas exceções. "Fizemos um teste, toda baía Formosa participou. Encontrei muitas pessoas com um talento natural", disse. Entre eles, o jovem José María Alves, pescador de 20 anos e pai de três filhos que, no filme, interpreta o papel principal, o do jovem Jusce.
Presente em Cannes, Alves declarou que a experiência foi "fantástica", ensinando a ele "uma bela coisa: atuar, criar personagens, é viver outras vidas".
"Sonhos de Peixe" está em competição pelo Câmera de Ouro, o conceituado prêmio reservado às primeiras obras apresentadas em qualquer seção da tradicional mostra francesa. Mas, para o cineasta russo, o maior prêmio que Cannes pode lhe conceder é ajudá-lo a realizar logo seu segundo filme.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre "Sonhos de Peixe"
Cineasta russo vira "revelação brasileira" em Cannes
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da France Presse, em Cannes
O filme "Sonhos de Peixe", apresentado no domingo no Festival de Cannes, é o resultado de uma história de amor entre o cineasta russo Kirill Mikhanovsky e o Brasil, e da "revelação" que foi para ele conhecer a baía Formosa, um povoado da costa nordestina.
Apresentado na seção paralela Semana da Crítica, "Sonhos de Peixe" é uma co-produção entre Brasil e Estados Unidos, sob a direção de Mikhanovsky. O diretor pinta uma aldeia de pescadores, onde a vida é ritmada pelo duro trabalho no mar, as telenovelas acompanhadas apaixonadamente e os sonhos de fugir para outros horizontes.
Nascido na Rússia, Mikhanovsky foi com a família para os Estados Unidos ainda adolescente. Depois de estudar lingüística e antropologia na Universidade de Wisconsin, decidiu dedicar-se ao cinema e realizou o primeiro curta, "Terra, Terra", já dedicado ao Brasil.
Em entrevista à France Presse, ele falou sobre a relação com o Brasil. "Fiz meu primeiro curta influenciado pela música brasileira. Meu interesse pelo Brasil começou com a música, o que pode parecer banal, 'gringo' e estereotipado, mas não tinha uma idéia estereotipada do Brasil e sim um grande interesse pelo país", disse.
"Trabalhei e vivi em São Paulo durante dois anos. São Paulo é um inferno urbano, trabalhava de 14 a 16 horas por dia, passei muito tempo sem dinheiro, comendo mal, foi muito difícil. Isto não é uma crítica, é para dizer que não fui ao Brasil fazer turismo. Foi uma experiência de vida dura, como poderia ter sido em qualquer outra grande cidade, como México ou Nova York."
Ao viajar pelo país, ele encontrou a baía Formosa. "Foi o povo que me deu a idéia de fazer o filme. Muitas coisas começam ali. Aprendi muito da vida de sua gente, de seus pescadores. Baía Formosa foi especial, de certo modo, uma revelação", contou Mikhanovsky.
"Não tenho uma visão idealizada do lugar. É muito triste. Está perdendo sua beleza, transformado pelo turismo e dentro de um tempo não mais existirá como é, e não parece que haja vontade de preservá-lo", disse. "Cheguei com minha própria bagagem de sensibilidades. Senti o lugar com a visão que me é própria."
Música
Mikhanovsky considera que o essencial é "não trair a realidade que se está filmando, deixar que as pessoas falem, tratar o texto como se fosse música". "Sonhos de Peixe" foi "filmado no nordeste e é um filme nordestino", destacou.
O longa é interpretado por atores não profissionais, os verdadeiros moradores do povoado, com duas exceções. "Fizemos um teste, toda baía Formosa participou. Encontrei muitas pessoas com um talento natural", disse. Entre eles, o jovem José María Alves, pescador de 20 anos e pai de três filhos que, no filme, interpreta o papel principal, o do jovem Jusce.
Presente em Cannes, Alves declarou que a experiência foi "fantástica", ensinando a ele "uma bela coisa: atuar, criar personagens, é viver outras vidas".
"Sonhos de Peixe" está em competição pelo Câmera de Ouro, o conceituado prêmio reservado às primeiras obras apresentadas em qualquer seção da tradicional mostra francesa. Mas, para o cineasta russo, o maior prêmio que Cannes pode lhe conceder é ajudá-lo a realizar logo seu segundo filme.
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