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25/05/2006 - 09h24

Pela 1ª vez, DVDs musicais sofrem queda nas vendas

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THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

Tido como a salvação do mercado fonográfico, o DVD foi o responsável por puxar para baixo os números da indústria da música no Brasil em 2005.

O relatório anual da Associação Brasileira dos Produtores de Disco (ABPD), que reúne as grandes gravadoras do país, que será divulgado nos próximos dias, mostra que houve uma queda de 12,9% da arrecadação com as vendas no ano passado, em relação a 2004. O declive bate nos 20% se a comparação for feita com o número de unidades comercializadas.

O DVD é apontado como o "culpado" pelos dados. O formato, que recheia 25,2% de todo o bolo, pela primeira vez conhece a tendência pessimista de queda que já acompanha o CD há alguns anos. Em 2005 foram vendidos 9,6% menos unidades do que em 2004 (14,1% em valores).

O mercado fonográfico brasileiro movimentou de janeiro a dezembro do ano passado R$ 615,2 milhões com a venda de 52,9 milhões de cópias de CDs e DVDs. Mesmo com o tombo dos números, o país voltou a ocupar posição entre os dez maiores do mundo (atrás de EUA, Japão, Reino Unido, Alemanha, França, Canadá, Austrália, Itália e Espanha) --o mercado global caiu 3%, e o campeão de vendas foi "X & Y", do grupo britânico Coldplay.

"Isso não é motivo para comemoração", diz Paulo Rosa, diretor-geral da ABPD, sobre o Brasil estar entre os dez primeiros. "É um efeito da valorização do real em relação ao dólar, o que torna as nossas vendas mais fortes."

Para tentar explicar os dados, João Éboli, presidente da Universal, aponta três fatores:

1) "A concorrência dos DVDs cinematográficos nos nossos canais de distribuição [locais de comercialização]. Isso dividiu o consumidor";

2) "Não tivemos em 2005 um grande blockbuster como a Ivete Sangalo, que vendeu 400 mil cópias de seu DVD";

3) "O avanço da pirataria em relação ao formato DVD".

Mas as gravadoras não seriam as principais responsáveis pelo surgimento desses dois primeiros fatores, já que 1) seus preços não estão competitivos e 2) não procuram investir em novos artistas?

"Com relação aos preços, tivemos que reformular nossas margens para concorrer. Eles já estão mais baixos. Sobre a questão artística, isso afeta não só a indústria fonográfica mas também a de cinema. Há anos em que eles têm filmes grandes, em outros, não. Não é toda hora que aparece uma Ivete Sangalo lançado DVD comemorativo de dez anos de carreira. Aquele foi o DVD mais vendido da Universal no mundo em 2004."

No final, sobra para a pirataria. "As gravadoras não podem fazer nada. Os artistas continuam fazendo boa música, as gravadoras continuam lançando, mas quem detém o poder de polícia para coibir a pirataria é o governo, que quando entra em ação, o faz de forma tímida", afirma Marcos Maynard, presidente da EMI do Brasil.

Para Rosa, da ABPD, a queda das vendas de DVDs pode ser interrompida. "Não acho que seja irreversível. Vamos conviver com os formatos físicos por um bom tempo. Mas, nos países mais desenvolvidos, o mercado de música on-line e via telefonia móvel vem compensando a queda nas "vendas físicas". No Brasil isso ainda não acontece. No ano que vem, espero que o relatório traga boas estatísticas em relação ao consumo de música virtual."

Indies não sofrem

O sofrimento das grandes gravadoras não é sentido pelos independentes.
"[Esses números] Não correspondem à nossa realidade", diz Marcelo Afonso, gerente de marketing da ST2 Records. "As majors têm táticas agressivas quanto à colocação e a manutenção de seus produtos, e arcam com as conseqüências."

"Nós, pelo contrário, registramos um crescimento de vendas tanto de CDs quanto de DVDs", diz ele. "O mercado está retraído, mas estamos lançando", afirma Afonso, que pôs nas lojas discos de, entre outros, Seu Jorge, Fatboy Slim e da cantora Cibelle.

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