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12/06/2006 - 09h27

Virtuose, James Carter abre série Jazz Nights em SP

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CARLOS CALADO
Especial para a Folha de S.Paulo

Dez anos atrás, em sua primeira apresentação no Brasil, James Carter excitou a platéia do extinto Free Jazz, como faz nos festivais e clubes do gênero que freqüenta. Virtuose capaz de dominar diversos instrumentos de sopro, o americano de 35 anos abre amanhã, em São Paulo, a série Bourbon Street Jazz Nights.

Considerado o melhor sax barítono do jazz desta década, segundo enquetes da revista "Down Beat", Carter é conhecido não só por sua garra e versatilidade no palco. Seus improvisos impressionam pela facilidade com que explora os limites técnicos dos instrumentos, fazendo-os gritar, uivar, ranger.

"Desta vez, vou levar só uns três saxofones e algumas flautas", diverte-se o jazzista, que volta ao Bourbon Street com o trio de órgão e bateria que o acompanhou em 2002. "É uma formação econômica com a qual podemos cobrir um repertório amplo, do gospel ao funk."

Diferentemente de muitos jazzistas de sua geração, que se contentam em reproduzir o bebop dos anos 40 e 50, Carter tem outra ambição. Gosta de resgatar e recriar composições pouco conhecidas de antigos saxofonistas (como Don Byas e Jimmy Forrest), mas seus improvisos frenéticos o aproximam da estética do jazz de vanguarda.

"Não vejo problemas em transitar entre a tradição e o que chamam de vanguarda, porque essas são expressões diferentes de uma mesma fonte musical", diz o saxofonista, que no início da carreira alternou trabalhos com o tradicionalista Wynton Marsalis e vanguardistas como Lester Bowie e Julius Hemphill.

Com uma dúzia de títulos, a discografia de Carter reflete seu interesse por diversos estilos de jazz. Já recriou pérolas dos repertórios do violonista Django Reinhardt ("Chasin' the Gypsy", 2000) e da cantora Billie Holiday ("Gardenias for Lady Day", 2003). Nos mais recentes "Live at Baker's" (2004) e "Out of Nowhere" (2005), experimenta um jazz mais "funky" ao lado de seu trio.

Ao final de 2005, lançou "Gold Sounds", com versões jazzísticas para sucessos da banda de rock alternativo Pavement. "Foi um projeto legal. Conheci o Pavement vendo o desenho 'Beavis and Butthead', na MTV", relembra. Sua intenção, admite, é atingir alguns dos fãs da banda, mais até do que ampliar o repertório do jazz.

A série Jazz Nights prossegue no dia 20, com a apresentação do talentoso baixista, cantor e compositor camaronês Richard Bona. "Tiki", seu novo álbum, que vai servir de base ao show, traz saborosas fusões de jazz contemporâneo com ritmos do Caribe e harmonias inspiradas na música brasileira.

Quem fecha a série, dia 21, é o carismático baterista e compositor norte-americano T.S. Monk. Filho do pianista Thelonious Monk, ele esteve por aqui em 2000, tocando jazz moderno com uma banda de primeira linha. Desta vez, traz também a cantora Rachael Price.

Carlos Calado é jornalista e crítico de música, autor do livro "O Jazz como Espetáculo", entre outros.

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