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30/06/2006 - 09h42

Bienal mantém forte presença brasileira e prevê exibição de filme

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

A Bienal criada em torno dos conceitos de Hélio Oiticica não terá obras do artista. Foi divulgada, ontem, a lista dos 119 participantes da 27ª Bienal de São Paulo, denominada "Como Viver Junto" e, mesmo contando com 23 brasileiros, trabalhos de Oiticica (1937-1980), inspiração do evento, não serão vistos na mostra, programada para ser aberta em 4 de outubro.

"Como desde o início eu disse, trabalho com os conceitos do programa ambiental do Hélio. A missão de mostrar obras como "Parangolés" ou "Metaesquemas" já foi feita. O que me interessa é recuperar o pensamento dele dos anos 70, e por isso vou apresentar filmes onde ele atua ou é tema", disse ontem, por telefone, a curadora Lisette Lagnado, que divide a responsabilidade da mostra com outros cinco curadores.

Segundo ela, no pavilhão serão exibidos filmes dos brasileiros Ivan Cardoso e Marcos Bonisson, "que documentam o pensamento visionário" de Oiticica. O artista estará também presente em um livro da Bienal. "Tivemos autorização da família para publicar os textos canônicos do Hélio", diz Lagnado.

A Bienal, aliás, terá três publicações: um guia com textos sobre os artistas da mostra, as transcrições dos seminários e o livro. "Esse livro não será um guia ampliado, mas terá autonomia já que, por exemplo, convidamos sete artistas para intervirem apenas nessa publicação", afirma Lagnado. Entre eles, estão os brasileiros Angela Detânico e Rafael Lain, Rivane Neuenschwander e o argentino Jorge Macchi, também idealizador do cartaz da mostra.

Apesar de ter suprimido a mais tradicional característica da Bienal, as representações nacionais, Lagnado não abandonou outra marca da exposição paulistana: a grande quantidade de artistas brasileiros, mantendo a média de 20% do total dos selecionados, o que neste ano significa 23 artistas. "Isso é de fato um manifesto, pois a arte brasileira tem uma contundência, e essa Bienal é uma plataforma internacional para ela", afirma.

Os curadores dividiram-se entre nomes já consagrados internacionalmente, como Cildo Meireles, Marepe e Rivane, esses dois últimos lançados no projeto Antarctica Artes com a Folha. Realizado em 1996, com a participação curatorial de Lagnado, do projeto aparecem ainda Cao Guimarães, Jarbas Lopes, Laura Lima, Martinho Patrício e Mauro Restiffe. Já da nova geração, estão, entre outros, a baiana Virgínia Medeiros, o mineiro Marcellvs L., e os paulistas Renata Lucas e Marcelo Cidade. Um dos selecionados, o Jamac (Jardim Miriam Arte Clube), coordenado pela artista Mônica Nador, não estará no pavilhão. Criado como pólo cultural na periferia da zona sul cidade, quem quiser conhecer o trabalho do Jamac terá que se deslocar até o local.

Além do pavilhão-sede, no parque Ibirapuera, a Bienal irá se estender também pelas salas de exibição do cine Bombril e do museu Lasar Segall, onde a programação de cinema será inaugurada com a estréia de filme do mineiro Cao Guimarães. "Tivemos três critérios para compor a programação: estréias, filmes de artistas que estão no pavilhão, e filmes históricos importantes para o Hélio Oiticica", afirma Lagnado.

Entre os históricos, estão renomados cineastas como o franco-suíço Jean-Luc Godard e o alemão Rainer Werner Fassbinder, que comparecem, respectivamente com "Sympathy for the Devil" (1968) e "Warnung vor einer heiligen Nutte" (Advertência de uma santa puta, 1971).

Mesmo sem recorrer ao expediente das salas especiais ou núcleos históricos, a Bienal terá uma razoável quantidade de artistas que despontaram há mais de vinte anos, como os norte-americanos Dan Grahan, Lawrence Weiner e Gordon Matta-Clark e os cubanos Felix Gonzalez-Torres e Ana Mendieta. "Chamo eles de histórico-contemporâneos, pois são pessoas que reverberam na produção atual e a digestão dos trabalhos desses artistas não acabou; já a Mendieta, que discute questões como gênero e a terra ajuda a amarrar o Acre na Bienal", afirma Lagnado.

Pela primeira vez sem representações nacionais, terá sido difícil compor a mostra? "Muitos artistas aceitaram participar porque não estão representando nenhum país. Mas continuamos a ter importantes aportes de países como EUA, França e Holanda, entre outros, para auxiliar seus artistas. Se o próximo curador quiser retroceder nessa questão, será uma pena", diz ainda Lagnado.

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