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10/11/2000 - 04h43

Crítica: Detetive vira justiceiro em versão maniqueísta

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TIAGO MATA MACHADO, da Folha de S.Paulo

Quentin Tarantino continua lançando moda. "Jackie Brown" pode não ter estourado nas bilheterias, mas foi responsável pelo revival dos chamados filmes "blaxploitation", gênero dos anos 70 que deu origem a Shaft, o personagem-fetiche do policial negro bom de briga e bom de cama criado por Ernest Tidyman.

Mas, se Shaft está de volta, não é por puro modismo. Ele chega para preencher a lacuna do justiceiro negro de um país cujo Judiciário privilegia brancos e ricos.

Samuel L. Jackson, sempre cool, mas imprevisível, é o Shaft de uma América em que negros conquistaram mais espaço. Mais respeitado porque é mais violento.

É a América de John Singleton. Aqui, ele não se poupa de maniqueísmos: há um branco racista e assassino (Christian Bale, o eterno "Psicopata Americano") e há uma simpática vítima negra. Há um policial negro com olhos de lince, ginga "funky" e senso de justiça, Shaft, e um delegado branco e azedo que quer derrubá-lo. Há um juiz branco condescendente com um criminoso rico de sua cor e uma comunidade negra nem tão condescendente com os de sua cor. Depois, surge um momento em que todos se misturam, mas só para formar uma nova ordem ainda mais maniqueísta: o mal são os criminosos brancos ou negros e os policiais corruptos (ao matar dois deles, Shaft grita: "Estamos na era de Giuliani", referindo-se ao prefeito nova-iorquino que "limpou" a cidade), e o bem são os bons policiais e cidadãos.

Mas continua a haver a lei da comunidade por aqui. E ela permite, em "Shaft", a justiça pelas próprias mãos, tal como nos piores filmes racistas.

Shaft
Direção:
John Singleton Produção: EUA, 2000
Com: Samuel L. Jackson, Vanessa Williams, Jeffrey Wright, Christian Bale
Quando: a partir de hoje nos cines Anália Franco, Ipiranga e circuito
 

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