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09/07/2006 - 09h00

Brasileiros conquistam fama na TV trash gringa

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LUCAS NEVES
da Folha de S.Paulo

No meio da década de 80, pouco depois de chamar a atenção no oscarizado "O Beijo da Mulher-Aranha", Sonia Braga emplacou uma participação na sitcom "The Cosby Show" (à época, um dos programas mais assistidos da TV americana) e --ao lado de Raul Julia, Andy Garcia e outros-- reabriu o caminho dos latinos na "panelinha" do showbiz norte-americano. Vinte anos depois, em temporada brasileira, ela grava a novela das oito que estréia amanhã, "Páginas da Vida".

A TV norte-americana, porém, continua a ter seus representantes brasileiros; os programas, no entanto, são outros, agora de gosto, digamos, questionável. Seguem o modelo "reality show", sem medo de flertar com o trash. E acredite: são ou serão exibidos por aqui.

A começar pela atração comandada pelo cirurgião plástico Robert Rey, paulistano da Lapa, radicado em Los Angeles há 32 anos. Ele estrela o "one-man show" "Dr. 90210", sucesso do canal E! que cola cenas de sua rotina profissional (e a previsível galeria de lábios leporinos e lipoesculturas) a "flagrantes" da vida doméstica. A agenda off-próteses de silicone inclui gravações para a versão local do "TV Fama" como dublê de repórter especializado em estética.

Sotaque carregado e tom exultante, ele contou por telefone à Folha que a idéia era fazer de "Dr. 90210" um contraponto ao perfil apresentado na série dramática "Nip/Tuck", protagonizada por dois cirurgiões com relações afetivas quase tão frágeis quanto a auto-estima de seus pacientes. "Estava ofendido com o programa, que mostra doutores como playboys sem ética que tomam drogas."

Usando a si mesmo como exemplo, ele detalha a premissa "didática" da atração. "Vivemos num mundo que não é real. Meus filhos vão à escola com os do [apresentador da CNN] Larry King, da Jodie Foster. Faço clínica em rainhas e mulheres de presidentes. A vida é fantástica, mas quando chego em casa, meu cachorro faz cocô no chão da sala e minha mulher grita comigo. Queria mostrar que sou normal."

E ambicioso: "Para vencer aqui, você tem que ter a casa de US$ 5 milhões, tem que criar a impressão de sucesso. O jogo aqui é de aparência!" Já o medo é bem palpável. "Durmo com um [revólver] 9mm debaixo do travesseiro. Los Angeles é uma das cidades mais violentas do mundo." Planos de regressar para o Brasil? "Teria que refazer a residência [para poder exercer a profissão]. Mas voltarei aos 60 anos como missionário cirúrgico."

Se cumprir a promessa, terá repetido um gesto que foi decisivo para ele, há três décadas. "Fui salvo por um grupo de missionários mórmons de Utah. Estava roubando as lojas da Lapa. Hoje, metade dos moleques que andavam comigo morreram ou estão na cadeia."

Mas a bem-aventurança não tardaria: "Acabei em Harvard". E o que a providência divina não trouxe, Rey se encarrega de ajustar por intermédio do programa. "Meu pai desapareceu. Pensava que ele tinha morrido. Outro dia, me ligou pedindo dinheiro. Como parte do 'Doctor', vou visitá-lo em setembro e perdoar o cara. Essa é a beleza do programa: mostrar que a vida não é perfeita."

Nota-se que Rey está bem à vontade no gênero "reality show", assim como esteve recentemente outro brasileiro, Ian McKee, 31, filho de pai norte-americano e mãe sueca. O economista paulistano venceu a segunda edição do reality "The Bachelorette", no início de 2004, nos EUA. Dentre 25 candidatos, ele foi escolhido pela maquiadora Meredith Phillips para ser seu par. O paradeiro do rapaz é desconhecido, mas o romance azedou um ano depois do enlace, segundo sites americanos.

Embaixadora sexy

Quem ainda não chegou aos EUA, mas representa o país na América Latina e na Península Ibérica é a modelo Mirella Vieira, 28. No reality show "Hot Tour", da Playboy TV, ela se esmera em caras e bocas durante gincanas que incluem strip-teases em cassinos de Punta del Este. Tudo para desbancar outras três concorrentes sul-americanas e ser escolhida a garota mais sexy do pedaço.

A Miss Playboy TV Brasil esclarece que se trata de uma atração, na medida do possível, bem-comportada. "Não é um nu ginecológico. É mais 'light', tem muito glamour. É pornô, mas com um conceito diferente." E a singularidade seria...? "O bom do programa é que tem muita cena natural, sem texto."

Com ou sem falas, o fato é que Vieira não pensa em ser atriz. "Queria ser apresentadora. O que tem a minha cara é um SporTV ou algo como o que a Penélope [que comanda uma atração de perguntas e respostas sobre sexo] faz na MTV."
 

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