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01/08/2006 - 09h54

Livro capta rituais da pesca no litoral do Brasil

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EDER CHIODETTO
Colaboração para a Folha de S.Paulo

A pescaria foi longa. Oito anos entre sol e sal. Mais de 8.000 quilômetros de histórias e imagens colhidas na faixa de areia onde o Brasil se dilui no Atlântico. A pescaria foi boa.

Dela surgiu "Mar de Homens", livro do fotógrafo Roberto Linsker que será lançado hoje, às 20h, no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, junto da abertura de exposição. "Mar de Homens" é uma extensa e intensa documentação fotográfica sobre a pesca artesanal realizada ao longo de todo litoral brasileiro. Revela, em tons épicos, a saga do homem em luta e, ao mesmo tempo, em harmonia com o mar.

As reentrâncias, baías, estuários e deltas da "mais longa e típica costa tropicalizada do mundo", segundo o geógrafo Aziz Ab'Saber, são o cenário das fotografias e o local onde sobrevivem inúmeras e tradicionais comunidades de pescadores.

Mesmo com o avanço da pescaria industrial, a pesca artesanal --feita com pequenas embarcações, jangadas, canoas, baleeiras, redes, arrastões, espinhéis, anzóis e linhas-- responde por 60% de todo o pescado capturado e comercializado no país. Além de garantirem o prato principal da família cotidianamente, esses pescadores ajudam a impulsionar a economia nacional.

Dados como esses estão num segundo livro, lançado em cojunto, sob o título "O Mar É uma Outra Terra", escrito pela pesquisadora Helena Tassara. Trata-se de um levantamento sucinto, mas minucioso, sobre a pesca no litoral brasileiro. É um complemento de "Mar de Homens", que Linsker optou por editar separadamente para que "o ritmo do livro de fotografias não fosse quebrado".

Ritmo marejado

Ritmo, aliás, é a tônica de "Mar de Homens". Um ritmo marejado, no qual o encadeamento das imagens se dá numa linha narrativa nada previsível e linear. A opção foi pelo balanço, pela surpresa a cada onda ou a cada página.

É um mar de imagens que pedem o silêncio do verbo. É mesmo necessário silenciar para ouvir a musicalidade do mar embalando os músculos tensos, a pele crispada de sal, o movimento ágil da captura e, finalmente, a prata das escamas traduzida pela prata dos remanescentes filmes em preto-e-branco, peixe cada vez mais raro no mar da foto.

"Mar de Homens" tem estatura para se firmar como um dos mais relevantes fotodocumentários contemporâneos sobre o Brasil. Além do rigor da pesquisa que levou o fotógrafo a registrar a diversidade dos tipos de pescaria, a composição das imagens denota um olhar em que a subjetividade se faz presente sem afetar a objetividade que a linguagem documental naturalmente impõe.

Expressão autoral

Para além da mimese, existe a expressão autoral, o discurso de quem fala e vê, de dentro do tema, em profundidade. "Mar de Homens" remete aos melhores momentos de "Mucuripe", do lendário fotógrafo cearense Chico Albuquerque (1917-2000).

As imagens do embate do homem diante da monumentalidade da paisagem marinha rememoram os versos de Fernando Pessoa: "Olhando o mar, sonho sem ter de quê. Nada no mar, salvo o ser mar, se vê".

Mar de Homens
Onde: Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, tel. 0/xx/11 3062-9197)
Quando: ter.a dom., das 10h às 18h; até 3/9
Lançamento: hoje, às 20h, no MIS
Quanto: entrada franca (exposição); R$ 100 ("Mar de Homens"); R$ 19 ("O Mar É uma Outra Terra")

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