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10/08/2006 - 19h21

Mostra sobre europeus deportados reacende polêmica em Berlim

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da Efe, em Berlim

Foi inaugurada nesta quinta-feira em Berlim "Caminhos forçados - Fuga e deportação na Europa do século 20", exposição que deseja ser global, mas que já começa sob suspeita de parcialidade em favor dos 15 milhões de refugiados alemães após o nazismo.

A exposição passa pelo genocídio dos armênios, em 1915, pela guerra na antiga Iugoslávia, pelo Holocausto judeu e pelo destino dos alemães forçados a ir embora do Leste europeu como resposta ao horror do Terceiro Reich.

A exposição pretende documentar, em apenas três salas do Kronprinzenpalais (Palácio do Príncipe da Coroa) e basicamente através de textos, a tragédia de 80 milhões a 100 milhões de europeus expulsos de seus lares por causa de conflitos e de perseguição política.

Polêmica

A organização, cujo membro principal é a deputada conservadora Erika Steinbach, luta para erguer em Berlim um Centro Europeu sobre Deslocados, questão que o Governo de Gerhard Schröder rejeitou e que causa desgosto na Polônia e na República Tcheca.

Na época, o ex-chanceler afirmou que havia o perigo de concentrar a atenção na história dos deslocados europeus no caso dos alemães após o nazismo e esquecer qual foi a origem dos sofrimentos deles, ou seja, o nazismo.

Além disso, Schröder acreditava que um Centro Europeu sobre Deslocados não pode ser estabelecido em Berlim, como Steinbach pretende, pois poderia dar origem a equívocos entre responsáveis e vítimas do Holocausto.

A chanceler Angela Merkel não é totalmente contra o projeto de Steinbach --membro de seu partido União Democrata-Cristã (CDU)-- e a inauguração oficial da exposição, na noite de hoje, ficará a cargo do presidente do Parlamento, o também conservador Norbert Lammert.

Além do debate sobre este Centro Europeu --que também envolveu correligionários social-democratas de Schröder--, a mostra em si não é destinada a satisfazer as expectativas de muitos visitantes.

Para alemães

A exposição é pequena e quase exclusivamente "textual", com instalações que pretendem explicar em cerca de quatro metros, por exemplo, todo o conflito dos Balcãs.

Os textos estão apenas em alemão, algo pouco habitual em uma exposição no centro turístico de Berlim e que também leva à conclusão de que se trata de uma mostra "para olhos alemães".

Entre os poucos testemunhos em vídeo, como a explicação do Holocausto, está o caso de Georg Isakowitz, um judeu que emigrou para a Argentina em 1936.

"Não queríamos uma exposição meramente emocional, mas séria", declarou Steinbach, que justifica ainda a abordagem escolhida, pelo fato de este ser um tema "muito amplo".

Dos três espaços nos quais a mostra está dividida --"Europa", "Pátria" e "Caminhos Forçados"--, os dois últimos são os únicos que trazem algo além dos textos explicativos.

É abordado neles aquilo que Steinbach queria evitar: as emoções. O visitante é apresentado ao elemento comum a todos os deportados, sejam ou não alemães: O sentimento de serem arrancados de seu lar para tomarem um caminho forçado.

Steinbach, que na inauguração da mostra defendeu seu projeto do Centro Europeu, apresentou sua exposição diante das críticas da imprensa e cercada de panfletos no chão com o texto: "Contra o revisionismo histórico. Não ao Centro Alemão".

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