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17/08/2006 - 10h38

Nuno Ramos apresenta média e curtas-metragens em SP

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

Com 11 postes de iluminação na bagagem, três autores partiram em busca de um filme em Minas Gerais. O resultado dessa jornada é "Iluminai os Terreiros", título com a incomum duração de 40 minutos, que os diretores Nuno Ramos, Eduardo Climachauska e Gustavo Moura apresentam hoje, no Espaço Unibanco (São Paulo).

A partir de uma idéia de Ramos, na montanhosa paisagem dos arredores de Belo Horizonte, o trio demarcava terrenos com seus pontos de luz, instalados em círculos. Os diretores lançavam-se então à espera da noite e de algo (ou alguém) que para lá convergisse, com gesto, idéia, luz própria.

Essa entrega à possibilidade do vazio, aliada ao dispositivo de ser "um filme que filma a si mesmo, não no sentido metalingüístico, mas no de documentar aquilo que ele cria", como diz Ramos, faz a narrativa de "Iluminai os Terreiros" tender "ao poético, ao sublime".

O mesmo ocorre com os curtas-metragens "Casco" (de Ramos, Climachauska e Moura) e "Luz Negra" (de Ramos e Climachauska), que também integram o programa desta noite.

Se "Iluminai os Terreiros" tem na luz seu ponto de partida, "Casco" e "Luz Negra" ancoram-se na água e na terra, respectivamente. O primeiro filma naufrágios. O segundo, o enterro de caixas de som.

Ramos, que se firmou como nome incontornável das artes plásticas brasileiras, diz esperar trazer para o cinema "a força de alguém que não conhece bem aquilo que faz". Sua chegada à sétima arte sincroniza com a "retomada", rótulo criado para descrever o ressurgimento da produção de filmes, após a debacle da primeira metade dos anos 90, quando o presidente Fernando Collor de Mello extinguiu a Embrafilme.

Para Ramos, culpar Collor e o fim da Embrafilme pela esterilidade dos anos 90 é "um pensamento curto". A "quebra", argumenta, já se anunciava antes e é de natureza estética. Ocorreu "não apenas no cinema, mas também na arquitetura, que são as duas artes que têm a incumbência de pensar publicamente o país". A seca corresponde, assim, à perda da capacidade "de o Brasil se pensar, de sonhar o que quer ser".

Os filmes de Ramos compartilham um tom "poeticamente muito negativo" e uma idéia de desconstrução. "Num, [a idéia] é enterrar o som, que é uma associação com a morte evidente. Noutro, é entregar um barco ao naufrágio, àquilo que ele nasceu para evitar. E no outro, é iluminar lugares no meio do nada e aquela iluminação ser uma espécie de impedimento ao contato natural com as coisas que estariam ali".

São todos a marca de um artista cada vez mais disposto a pensar publicamente o país. Ramos agora esquenta os pandeiros para filmar um longa-metragem, "Dádiva".

Iluminai os Terreiros
Direção: Nuno Ramos, Eduardo Climachauska e Gustavo Moura
Quando: hoje, às 20h
Onde: Espaço Unibanco (r. Augusta, 1.475, Cerqueira César, tel. 0/xx/ 11 3288-6780)
Quanto: entrada franca (chegar com meia hora de antecedência para retirar o ingresso)

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