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19/08/2006 - 09h04

Gleiser transforma a física em ficção

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FLÁVIO DE CARVALHO SERPA
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Leitores dos livros anteriores de Marcelo Gleiser vão se surpreender com "A Harmonia do Mundo", a primeira obra romanceada do astrofísico que mantém uma coluna semanal no caderno Mais!, da Folha de S.Paulo desde 1997.

Ele já ganhou dois prêmios Jabuti com seus best-sellers anteriores. Dono do raro talento de tornar degustável para o leigo os mais complexos problemas da ciência, Gleiser conquistou uma legião de fãs com "A Dança do Universo" e "O Fim da Terra e do Céu" (ambos publicados pela Companhia das Letras). Ganhou um prêmio da Casa Branca na gestão Bill Clinton por seus trabalhos de popularização da ciência. É o criador e professor de uma original e insólita disciplina de física para poetas no Dartmouth College, em New Hampshire, nos Estados Unidos, onde vive.

Foi lá que ele teve contato com o famoso físico Freeman Dyson e com o neurocientista Oliver Sacks, que o estimularam a ampliar seu público com uma obra que abdicasse das fórmulas para mostrar os saltos da ciência de maneira romanceada, mais palatável.

Enquanto nas obras anteriores Gleiser estava amarrado à camisa-de-força da seqüência histórica dos fatos e causas e efeitos dos fenômenos naturais, em "Harmonia do Mundo" ele abraça decididamente a liberdade que a narração romanceada concede.

Ou melhor, recorre a uma estrutura de roteiro cinematográfico, com idas e vindas de flashbacks entre o personagem central do livro, o astrônomo Michael Maestlin, e seu aluno Johannes Kepler, autor das famosas leis que descrevem pela primeira vez as órbitas elípticas dos planetas ao redor do Sol.

Penando uma velhice melancólica, Maestlin lê os diários de Kepler, que morrera um ano antes. Ambos estão atormentados por uma amizade interrompida pelos horrores das estúpidas guerras religiosas do Renascimento. O mestre rumina a mágoa de ter introduzido Kepler à astronomia heliocêntrica de Copérnico, mas não ter tido a coragem de assumir publicamente a herética crença, por comodismo e por medo da vingança religiosa tanto de protestantes como católicos, que podia facilmente chegar ao desfecho da fogueira.

Crenças platônicas

Em vez de alegrar-se com a vitória de Kepler, que desbancou as crenças milenares segundo as quais os círculos, formas perfeitas geometricamente, eram as únicas que poderiam ser usadas pelo Criador para ordenar o cosmo, Michael Maestlin deprime-se. Não tanto por inveja, mas por covardia e por constatar que não era um gênio como seu discípulo.

A "Harmonia do Mundo" é também o título da obra de Johannes Kepler de 1619, com as revelações místicas neoplatônicas que estalaram na poderosa mente do matemático, abrindo caminho para as descobertas do contemporâneo Galileu Galilei e do gigante Isaac Newton.

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