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22/08/2006 - 09h48

Fernanda Montenegro recita Alfred Tennyson no Municipal de SP

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IRINEU FRANCO PERPETUO
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Versátil, Fernanda Montenegro vai de Tennyson a Garcia Márquez em menos de uma semana. A atriz declama hoje o poema "Enoch Arden", do autor britânico, no Municipal, e embarca no sábado para a Colômbia, onde participa de uma adaptação cinematográfica do romance "O Amor nos Tempos do Cólera", do escritor latino-americano.

"Enoch Arden" é um melodrama para narrador e piano solo, composto pelo germânico Richard Strauss em 1897 -um ano depois de sua mais célebre partitura orquestral, o poema sinfônico "Assim Falava Zaratustra", baseado em Nietzsche.

Sua gravação mais conhecida foi feita pelo pianista canadense Glenn Gould, com narração de Claude Rains.

Com música fortemente expressiva, que dialoga ricamente com a narração, e vazado no idioma romântico tardio que celebrizou seu autor, "Enoch Arden" tem cerca de 50 minutos de duração e será executado em São Paulo pela mesma parceria que o interpretou, com êxito, em 2001, no Espaço Cultural Promon: Fernanda Montenegro e o pianista carioca radicado em Londres Jean Louis Steuerman.

Steuerman complementa o programa com uma execução do "Prelúdio, Coral e Fuga", do belga César Franck (1822-1890). Beneficente, o concerto tem sua renda revertida para a organização Care Brasil.

A partitura e o poema

Escrito em 1864 pelo britânico Alfred Tennyson (1809-1892), o poema conta o triângulo amoroso entre o marinheiro Enoch Arden, sua mulher, Annie, e Philip Ray, um amigo de infância, com o qual ela se casa ao crer que o marido morreu em uma longa viagem. Ele será lido por Fernanda Montenegro por microfone, em tradução de Ivo Barroso, com direção cênica de Márcio Aurélio.

"Embora a tradução seja excelente, eu acho que são o Jean Louis e a música do Strauss que têm a primazia nisso", diz a atriz. "É preciso que a partitura respeite o poema, e o poema respeite a partitura. É como se a voz fosse também um instrumento. O poema não é declamado, ele é quase conduzido, como se o pianista fosse um maestro."

A música clássica está na vida da atriz desde sua adolescência. "Com 16 anos, eu fui para a Rádio MEC, que talvez tivesse a maior discoteca do país, e fui locutora durante dez anos", lembra. "Sem modéstia, posso dizer que, embora não toque nenhum instrumento, meu conhecimento nessa área é profundo. Quando o trabalho permite, procuro ir a concertos e, quando viajo, procuro às vezes mais música do que teatro."

Vem daquela época o convívio com figuras musicais emblemáticas, como o maestro Eleazar de Carvalho e a pianista Magdalena Tagliaferro. Com Eleazar, ela trabalhou no programa "Música para a Juventude", que ia ao ar aos domingos de manhã.

Montenegro também foi a locutora das transmissões dos cursos de verão de alta interpretação pianística de Tagliaferro. Ela conta que as lições da pianista acabaram ajudando, posteriormente, na evolução de seu trabalho de atriz.

"Tagliaferro me abriu a cabeça para os tempos dramáticos, para a sensibilização das diversas tonalidades e para o sentimento dramático mesmo da sonoridade musical", diz.

Filme na Colômbia

No sábado, a atriz ruma para a Colômbia, para as filmagens de uma adaptação cinematográfica de "O Amor nos Tempos do Cólera", de Gabriel Garcia Márquez, com direção do britânico Mike Newell (de "Harry Potter e o Cálice de Fogo", e "Quatro Casamentos e um Funeral", entre outros), roteiro de Ronald Harwood, e Javier Bardem no elenco.

Montenegro considera o roteiro adaptado bastante fiel ao texto original de Garcia Márquez. "Esse diretor é um homem com uma visão de vida pungente", afirma.

"Ele deverá entender que o cólera é uma doença, como o amor também é uma doença e, dentro daquela cultura, eles confundem a doença do amor com a doença do cólera. É uma coisa de uma viagem onírica sul-americana: a gente vive cercado de cólera, febre amarela, malária..."

Enoch Arden
Quando: hoje, às 21h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 0/xx/11 3222-8698)
Quanto: de R$ 60 a R$ 100

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