Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
22/08/2006 - 11h21

Em 4 horas de documentário, Spike Lee homenageia Nova Orleans

Publicidade

ROCÍO AYUSO
da Efe, em Los Angeles

Às vésperas do aniversário de um ano da passagem do furacão Katrina, o diretor Spike Lee estréia hoje seu documentário sobre Nova Orleans, com o qual presta uma homenagem humana e histórica à cidade.

Sob o título de "When the Levees Broke: A Réquiem in Four Acts" ("Quando as Barragens Cederam: Um Réquiem em Quatro Atos", em tradução literal), a rede HBO transmite nesta terça a primeira parte das quatro horas do documentário realizado em homenagem às vítimas do Katrina.

O furacão chegou à cidade em 29 de agosto, com categoria cinco (na escala Saffir-Simpson, que vai de um a cinco). Ao tocar a terra, o furacão tinha categoria três, mas isso não o impediu de se tornar responsável pelo desastre natural mais devastador da história dos EUA.

A ruptura dos diques e a desorganização nas operações oficiais de ajuda e resgate deixaram mais de 1.300 mortos, um milhão e meio de desabrigados e danos materiais de mais de US$ 125 milhões em uma cidade que teve 80% de seu território inundado.

Lee, 49, estava em Veneza quando o Katrina chegou à cidade, mas desde o primeiro momento soube que era necessário documentar a tragédia, um sentimento partilhado por Sheila Nevins, presidente da rede de televisão por assinatura HBO.

Para isso, o diretor fez algo pouco comum em sua carreira, marcada por filmes polêmicos como "Faça a Coisa Certa" e "Malcolm X": calou-se. "When the Levees Broke" dá voz a seus protagonistas, cerca de cem pessoas entre moradores, vítimas, refugiados, pobres, ricos, brancos e negros.

O documentário também abre o microfone a políticos como a governadora da Louisiana, Kathleen Blanco, o prefeito de Nova Orleans, Ray Nagin e ativistas como Harry Belafonte, entre outros. Também há artistas heróicos como Sean Penn, instigantes como Kanye West, ou vítimas como o músico Terence Blanchard.

São eles que falam no filme, que conta com imagens recolhidas de noticiários internacionais, locais e até mesmo de vídeos caseiros. Não existe uma voz em "off" que dirija o curso das quatro horas de projeção. Lee preferiu deixar que o documentário falasse por si mesmo, sem participar de uma campanha promocional que o obrigasse a falar por sua obra.

Com suas imagens, o documentário relembra a retirada tardia, apesar das advertências sobre a força do Katrina, e a fragilidade das represas, cuja ruptura é considerada "a maior falha de um sistema de engenharia civil na história do país". O documentário também mostra a falta de comunicação entre os organismos de ajuda, quando mais de 50 mil pessoas se refugiavam no Superdome.

Culpados

Embora a culpa seja dividida entre todas as esferas governamentais, "When the Levees Broke" não deixa de mostrar as imagens da lenta resposta da máxima autoridade do país, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. A ele foram direcionadas as vaias escutadas durante a primeira projeção do filme, que Lee exigiu que fosse em Nova Orleans, cidade que visitou oito vezes após a catástrofe.

A exibição foi realizada para 12 mil pessoas, muitos sobreviventes do Katrina, no Coliseu da cidade, a alguns metros do Superdome.

O documentário começa com a nostálgica música de Louis Armstrong "Do You Know What It Means to Miss New Orleans", em homenagem aos que ainda não puderam voltar à cidade e aos que nunca voltarão. "Nova Orleans está lutando por sua vida. Por isso o filme mostra a luta da cidade com um olho nas terríveis perdas e outro no espírito indomável dos que ali estavam", resumiu o diretor nova-iorquino em sua única nota à imprensa.

Leia mais
  • Ação do governo em Nova Orleans é "criminosa"
  • Novo filme de Spike Lee relembra passagem do Katrina nos EUA

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Spike Lee
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página