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23/08/2006 - 09h58

Bill T. Jones dança os desastres da humanidade no Brasil

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INÊS BOGÉA
da Folha de S.Paulo

O coreógrafo Bill T. Jones tornou-se conhecido pela forma polêmica e pessoal com que aborda temas relacionados à morte e vida, assim como questões raciais e sexuais. Em 1982, formou sua companhia com Arnie Zane, que morreu de Aids em 1988. Jones também já coreografou para o Alvin Ailey American Dance Theatre, o Boston Ballet e o Ballet da Ópera de Lyon.

De volta ao Brasil (sua última visita foi em 2002), a Bill T. Jones/Arnie Zane Dance Company apresenta seu mais recente espetáculo, "Another Evening: I Bow Down". "Ironicamente ou não, deveríamos apresentar essa peça num festival marcado para acontecer entre as torres gêmeas, no dia 12 de setembro de 2001. Surpresa: não havia mais palco", diz Jones à Folha, em Nova York.

No espetáculo, Bill T. Jones fala de desastres naturais, ligados à água, e desastres humanos, ligados à política. O texto faz referências ao dilúvio e à arca de Noé, ao naufrágio do Titanic, ao furacão Katrina (em Nova Orleans) e a episódios de sua própria vida. Na trilha sonora, estão lado a lado um violino, um piano e a banda de heavy metal Regain The Heart Condemned, do bairro nova-iorquino do Bronx.

Na peça, muitas camadas se sobrepõem: palavras, música e gestos se completam e ampliam a possibilidade de diálogo com a platéia. O texto é fundamental, incorporando referências à filosofia budista, na recitação das Prostrações aos 35 Budas ("to bow down" significa prostrar-se na tradução para o português).

Leia a seguir as declarações do coreógrafo.

Inspiração
Procuro pensar sobre desastres e as coisas mais profundas e isso me leva à Bíblia, ao Velho Testamento. O mito fundamental da tradição cristã: Deus prometeu que salvaria os homens. Um espécie de promessa que nunca foi cumprida.

O povo negro canta com o espírito da salvação. Há uma relação irônica dessa promessa de Deus com o furacão Katrina. Desastres acontecem todo tempo e nessa peça há algo sobre a vulnerabilidade do homem, algo sobre nossa necessidade de segurança e salvação, num mundo em que nunca se tem segurança nem salvação.

Política
Não falo somente dos problemas no meu país e sim de questões mundiais. Eu sou americano, mas a companhia tem pessoas de todas as partes do mundo. Estamos falando de questões intelectuais, de questões humanas e de espiritualidade, o que é diferente de religião. Não estamos falando de fundamentalismos. O que é reação, o que é compaixão: essas são questões espirituais que vão contra a estupidez do fundamentalismo. As pessoas provocam desastres: isso é questão religiosa ou política? A grande questão é como manter um o olhar político e social apurado.

Espiritualidade
O trabalho é muito aberto aos sentimentos do mundo. Estou numa crise espiritual, e para mim tudo é conectado. Eu gostaria que Deus tomasse conta de nós, dos nossos desastres. Essa batalha para saber quem somos e qual a nossa arma. Minha arma é a minha companhia; meu desejo, a beleza. Quem é o inimigo? Intolerância, agressividade.

A turnê no Brasil

Rio de Janeiro
Quando: sáb., às 20h30, e dom., às 17h, no Teatro Municipal (pça. Mal. Floriano, s/nº, tel. 0/ xx/21 2299-1643). Ingr.: de R$30 a R$ 100

Brasília
Quando: 30/8, às 20h30, no Teatro Nacional (Setor Cultural Norte, via N2. tel. 0/xx/61 3325-6256). Ingr.: R$80

São Paulo
Quando: 1º e 2/9, às 21h, no Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº. tel. 0/xx/11 3223-8698). Ingr.: de R$10 (visão parcial) a R$ 120

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Bill T.Jones
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