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05/09/2006 - 09h59

Cenógrafo Helio Eichbauer repassa sua carreira em mostra no Rio

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S.Paulo, no Rio

Chico Buarque diz que, quando pensa em cenografia, o primeiro nome que lhe vem à cabeça é o de Helio Eichbauer.

Para o show "Carioca", no Tom Brasil Nações Unidas, o cenógrafo não só criou os móbiles inspirados nas montanhas do Rio, como inventou um pano de boca mexendo no próprio baú.

"Não sugiro nada, sou zero. Os móbiles foram uma solução simples e, ao mesmo tempo, mágica do Helio. Ele sabe tudo.

E ainda veio de lambuja o álbum de autógrafos da família dele, onde há assinaturas de Bandeira, João Cabral, Vinicius e o desenho do Villa-Lobos que virou o pano de boca", diz Chico, cuja peça "Calabar", censurada em 1973, teve cenários de Eichbauer aproveitados no ano seguinte no show "Tempo e Contratempo".

A história põe em xeque o título da exposição "Helio Eichbauer - 40 Anos de Cenografia", que tem inauguração hoje no Centro Cultural Correios, no Rio. Foi há 50 que ele se mudou para Nova York, onde estudou e conheceu Villa-Lobos, Bidu Sayão e outros que lhe deram autógrafos e idéias.

Revolução tropical

Em 1963, foi estudar em Praga com o mestre Josef Svoboda, que lhe deu régua e compasso para se tornar o grande nome da cenografia construtivista e geométrica do Brasil.

O que aconteceu há 40 anos foi o início de sua carreira no país natal, onde já no ano seguinte faria seu trabalho mais famoso --e nada ligado às lições de Svoboda: o painel multicolorido do segundo ato da peça tropicalista "O Rei da Vela", dirigida em 67 por José Celso Martinez Corrêa.

"Eu tinha passado um ano em Cuba que me devolveu a cor. "O Rei da Vela" foi minha revolução tropical, uma explosão. Passei do art déco geométrico para o fauvismo expressionista", diz ele, 64.

O cenário foi queimado por Zé Celso em um ato de protesto contra a ditadura militar. Mas, a partir de um desenho, Eichbauer refez o painel em 89 para o show "O Estrangeiro", de Caetano Veloso. Este painel, um dos destaques da exposição, fica na sala dedicada aos trabalhos feitos para shows, vários deles de Caetano.

"Hoje gosto mais de trabalhar para música do que para teatro. Essas salas de shopping não têm urdimento, são abafadas, sem ar", diz ele, que adora fazer cenários para óperas, realizadas em grandes palcos.

Mas, como provam os desenhos, maquetes e fotos da exposição, o que Eichbauer fez nas últimas quatro décadas já mudou a cara da encenação no Brasil. Em seus 12 Shakespeares, por exemplo, adotou um estilo econômico, com poucos e sugestivos elementos.

"Ele é um autor tão forte que o cenário deve ser quase invisível, para não atrapalhar as palavras. O que ele precisa é de grandes atores, o que há no Brasil. O que não temos muito são grandes autores", acredita o cenógrafo.

Representação

Não por acaso, ele é um apaixonado pela obra do nosso maior dramaturgo, Nelson Rodrigues, de quem já cenografou quatro peças. Vê em Nelson possibilidades operísticas, abstratas, que enxerga também em Tchekov, muitas vezes reduzido a um autor realista.

"Nada precisa do realismo. O teatro é uma representação", ensina ele, que tem uma sólida formação erudita.

"Ele é muito mais do que um cenógrafo. A pessoa que mais me influencia no pensamento sobre teatro é o Helio", exalta a atriz Maria Padilha, que já fez quatro Shakespeares e um Tchekov com Eichbauer.

Helio Eichbauer - 40 Anos de Cenografia
Quando: de ter. a dom., das 12h às 19h; até 22/10
Onde: Centro Cultural Correios (r. Visconde de Itaboraí, 20, Rio, tel. 0/xx/21 2253-1570)
Quanto: entrada franca

Especial
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