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05/09/2006 - 12h23

Reality show "Survivor" é criticado por uso de "critérios raciais"

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ALEJANDRA VILLASMIL
da Efe, em Nova York

O anúncio de que a série americana de TV "Survivor" vai dividir seus participantes por "critérios raciais" abriu um debate sobre até que ponto a segregação pode ser uma forma de entretenimento e elevar os níveis de audiência.

A controvérsia em torno da série da CBS começou após o anúncio de que, na temporada que começa na próxima semana (em 14 de setembro), "tribos" de brancos, asiáticos, latinos e negros competirão entre si numa ilha deserta, até restar um sobrevivente que levará o prêmio de US$ 1 milhão. O cenário desta vez serão as ilhas Cook, no Pacífico Sul.

Divulgação
Reality show americano dividiu seus participantes por etnia
Reality show americano dividiu seus participantes por etnia
Os produtores de "Survivor" afirmam que a idéia surgiu após muitos candidatos ao programa comunicarem que sua cultura e orgulho étnico são importantes para eles. Segundo os responsáveis pela atração, foi levado em consideração que o programa poderia ajudar a combater estereótipos. Para os críticos, a meta do programa, no entanto, não seria promover a diversidade, e sim a divisão.

Para o apresentador de "Survivor", Jeff Probst, essa é "uma idéia inovadora". Mas ativistas e políticos representantes dos quatro "grupos raciais" qualificaram a proposta de absurda e segregacionista, durante um protesto nesta semana em Nova York, em frente à sede da CBS.

"Pedimos à CBS que cancele o programa. Sabemos que sua audiência vai subir, mas também vai causar muita violência na nação e divisão entre os grupos étnicos", disse Fernando Mateo, um dos ativistas hispânicos que participaram do protesto.

Repercussão

As acusações de que a CBS pretende elevar a audiência aproveitando-se de um tema sensível como a questão racial tomaram conta de artigos publicados tanto nos principais jornais quanto na internet, em inúmeros blogs.

No próprio site da CBS há opiniões para todos os gostos. Entre elas, está a de alguém que se identifica como Fartknocker2. Ele garante que "se a equipe dos negros ganhar o programa, a idéia será considerada grandiosa", mas "se perder, será tachada de racista". Para outro internauta, Avigil2, "má publicidade é boa publicidade", "a CBS sabe o que faz".

Lloyd Garver, um colaborador do canal, diz no site que "o desejo de obter publicidade e audiência provavelmente teve alguma influência no processo criativo" dos produtores.

Participantes

As reações dos participantes, por sua vez, foram mistas quando souberam que seriam divididos por "raça". O asiático Yul Kwon, por exemplo, se preocupou com a possibilidade de que o programa "se transforme em algo que reforçará os estereótipos". Segundo Probst, é "natural" imaginar que cada "tribo" será apoiada pelo público de seu grupo étnico.

Alguns fãs do programa opinam que o tom da discussão é um exagero. Eles questionam por que não houve polêmica nas temporadas passadas da série, quando as equipes foram divididas por sexo e idade.

"É incrível que as pessoas falem de racismo e não tenham reclamado de sexismo nas temporadas anteriores", diz um deles, Dcs17, no site da CBS. "É só um programa de televisão e assim deve ser encarado", acrescenta.

Patrocínio

O especialista em televisão do jornal "Santa Monica Mirror", Sasha Stone, considerou a nova temporada de "Survivor" "uma aposta arriscada da CBS para ganhar audiência".

Os riscos já começam a aparecer: o principal anunciante do programa, a General Motors, anunciou que não vai patrocinar a série nesta temporada. Mas garantiu que sua decisão "não está relacionada" à polêmica e que já havia sido tomada meses atrás.

Outros anunciantes de temporadas anteriores, como Coca-Cola, Home Depot, United Parcel Service (UPS) e Campbell Soup, também informaram que não vão patrocinar a série, negando da mesma forma que a suspensão do patrocínio esteja relacionada com o novo critério dos produtores.

Para os críticos, falta ver até onde a televisão pode chegar. Sobretudo, saber se as divisões "raciais" de "Survivor" serão só um precedente para outras igualmente polêmicas, como as religiosas ou por classes sociais.

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