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08/09/2006 - 10h18

Bienal de Dança Lyon terá 40 companhias de 17 países, entre eles Brasil

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ANA CAROLINA DANI
Colaboração para a Folha de S.Paulo, em Paris

Dez anos depois de consagrar uma edição inteira ao Brasil e quatro anos após uma versão dedicada à América Latina, a Bienal da Dança de Lyon volta a receber coreógrafos brasileiros, em sua 12ª edição, que tem as cidades como tema. O festival ocorre de amanhã ao dia 30 deste mês e é referência mundial no circuito da dança contemporânea. Apresentam-se 40 companhias de 17 países.

O diretor do evento francês, o crítico e jornalista Guy Darmet, privilegiou um ângulo temático, colocando em evidência as relações entre a coreografia e a arquitetura, as danças urbanas e as cidades como espaços de expressão social e cultural.

"A bienal seguiu, durante anos, uma preocupação geográfica ou geopolítica, com edições dedicadas à América Latina, à Africa e ao Oriente. Neste ano, o mundo inteiro é convidado. Não há nações, mas sim cidades", afirma Darmet.

Entre os brasileiros presentes, há a Companhia de Dança Urbana do Rio de Janeiro, criada pela coreógrafa Sônia Destri e formada por jovens dançarinos vindos de favelas cariocas, que se apresenta pela primeira vez fora do Brasil, com o espetáculo "Ziriguidum Urbano". A peça mistura capoeira, hip hop e dança contemporânea.

Outro espetáculo bem sintonizado com o tema desta edição é "Extracorpo", do coreógrafo João Saldanha, do Atelier de Coreografia do Rio de Janeiro, um trabalho considerado original, inspirado na obra do arquiteto Oscar Niemeyer.

Fechando a participação brasileira, a Mimulus, do coreógrafo Jomar Mesquita, uma das raras companhias profissionais de dança de salão do mundo, apresenta "Do Lado Esquerdo de Quem Sobe". "É um espetáculo contemporâneo, que mostra o resultado da urbanização na dança e música brasileiras", explica Mesquita.

Estréias mundiais

Uma das particularidades deste ano é o número de estréias mundiais. "A Bienal se volta, cada vez mais, à criação contemporânea e ao apoio às jovens companhias", afirma Darmet. Entre as 15 companhias que estréiam peças no evento, o Ballet da Ópera de Lyon apresenta dois espetáculos inéditos dos coreógrafos Rachid Ouramdane e Tere O'Connor. Já a Companhia La Maison, de Paris, exibe a peça "Péplum", do jovem coreógrafo Nasser Martin-Gousset.

"Temos grande expectativa para a apresentação da recém-criada "Pokemon Crew", formada por bailarinos que descobrimos dançando nas periferias de Lyon", comenta o diretor do festival.

Outras companhias, com espetáculos bem originais, também terão a oportunidade de se apresentar em solo europeu, como a argentina Edgardo Mercado, a colombiana L'Explose ou a australiana Force Majeure. "Elas realizam um trabalho excepcional sobre o corpo e a imagem", comenta o diretor do festival.

Idealista e defensor da dança na Europa, Guy Darmet é também apreciador da dança brasileira. No início dos anos 90, trouxe à Europa coreógrafos como Lia Rodrigues, Márcia Milhazes, Rodrigo Pederneiras, do grupo Corpo, e apoiou jovens criadores, como Paulo Caldas e Henrique Rodovalho.

No Rio, descobriu as escolas de samba, que inspiram a criação do já tradicional "Défilé" da Bienal, que, neste ano, deve reunir 300 mil pessoas e 4.500 dançarinos nas ruas de Lyon.

"Chegamos perto do ideal de levar a dança ao coração das cidades. Os espetáculos saem das salas de teatro e ganham as ruas, as praças e as estações de metrô", afirma Darmet.

Difícil não associar a obra ao idealizador do evento. A programação da Bienal da Dança de Lyon reflete as escolhas feitas por um homem que, muito além dos modismos e convenções artísticas, nunca abriu mão da ousadia.

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