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13/09/2006 - 09h23

Franceses do Daft Punk, que vêm ao Brasil, dizem preferir anonimato

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THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo, em Dublin

Se a máscara cair, quebra-se o encanto. É o que conta Thomas Bangalter, do Daft Punk, sobre a razão de a dupla usar, em toda aparição pública, roupas e capacetes de robôs. "Dá para comparar com o Super-Homem. Quando assistimos ao Super-Homem, gostamos de ir descobrindo as coisas aos poucos. Há a excitação em torno do mistério, de algo escondido. É como uma fantasia sexual. Quando você vive a fantasia, vê que não era nada demais. A realidade mata o sonho."

Se para o Daft Punk a ficção é mais interessante do que a realidade, encontrar Bangalter e seu parceiro Guy-Manuel de Homem-Christo à paisana é uma experiência curiosa.

Juntos há mais de 15 anos fazendo das coisas mais interessantes da dance music, principais atrações do Tim Festival (tocam na Marina da Glória, no Rio, em 27/10, e no Anhembi, em SP, em 29/10), os dois não poderiam ser mais diferentes.

A dupla está em Dublin, na Irlanda, para um show no Marlay Park, no último final de semana de agosto. Na sala de um hotel, Bangalter, com moletom marrom, camisa pólo e cabelos curtos, mostra-se falante, engata um raciocínio atrás do outro a ponto de ter de fazer algumas pausas para retomar o fio da meada.

Já Homem-Christo é tímido, de poucas palavras, mais preocupado com as mensagens que chegam em seu celular. Ele veste uma camisa listrada em azul com a gola branca, os cabelos escorridos tipo tigelinha e calça um sapato bico fino de um vermelho mais estridente do que as bochechas de um francês no verão de Trancoso.

O Daft Punk produziu três discos, que já venderam, no total, mais de 6 milhões de cópias no mundo. Os dois primeiros, "Homework" (97), e "Discovery" (01), são essenciais --mergulham na disco e na house clássica e voltam com batidas e melodias pop criativas, funkeadas. Já "Human After All" (05) força a mão no rock setentista e no electro e brilha pouco, soa até repetitivo.

"Não pensamos em influências pois sempre queremos fazer música que não foram feitas", diz Bangalter. "A influência não vem de algo que ouvimos, mas das coisas que vivemos no dia-a-dia. Hoje, com esse objeto [aponta para um iPod], você a toda hora tem acesso à discoteca de casa."
Os tempos são outros. Mais difíceis do que na década passada, quando o Daft Punk surgiu na chamada "french touch", grupo de produtores franceses (Air, Dimitri from Paris, Bob Sinclair) que imprimiram tintas frescas à eletrônica.

"Não havia nada acontecendo na França, sempre se falou em [Serge] Gainsbourg, nas coisas feitas nos anos 60. Quando aparecemos, os jornalistas deram o nome "french touch'", afirma Bangalter. "Hoje está mais difícil [criar algo original].

Mas, ao mesmo tempo, há a possibilidade de fazer coisas diferentes, não apenas em relação à música, mas ao visual, às luzes. Experimentamos com tecnologias e acho que essa turnê é excitante. Musicalmente, às vezes leva tempo para produzir algo novo, mas consegue-se montar um show diferente."

O Daft Punk levou tempo para produzir a apresentação que chega ao Brasil. Ficaram dez anos sem excursionar. "O segundo álbum foi muito complexo para ser produzido e na época era impossível excursionar com aquelas músicas. Não poderíamos levar aquelas canções ao vivo da maneira como gostaríamos."

A tecnologia evoluiu, e o Daft Punk voltou aos palcos. Com as roupas e os capacetes de robôs.

E Homem-Christo explica por que não pretendem dar uma de Kiss e aparecer de cara limpa. "O Kiss era muito melhor quando eles usavam máscaras."

O repórter Thiago Ney viajou a convite da produção do Tim Festival

Especial
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