Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
13/09/2006 - 17h30

Crítica: Filho de Fagundes faz caricatura política em "teatro família"

Publicidade

DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online

Ser filho de Antônio Fagundes não é nada fácil. Não bastasse o fardo do sobrenome, ainda é preciso encenar peças pouco inspiradas de autoria e direção da própria mãe, Mara Carvalho. São histórias como a de "Gente que faz...", que estreou nesta terça no Teatro Augusta (centro de SP).

Apresentada a uma platéia de jornalistas e amigos --entre eles, Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira, que correram para o estacionamento antes mesmo de acabarem as palmas--, a montagem é a primeira em que Bruno contracena como ator profissional.

Diógenes Muniz
Bruno Fagundes (de branco) interpreta um político corrupto em "Gente Que Faz..."
Bruno Fagundes (de branco) interpreta um político corrupto em "Gente Que Faz..."
Com tanta expectativa, seria compreensível que vacilasse. Não é o caso. Bruno faz o possível dentro do papel que recebeu.

"Gente que faz..." se pretende uma encenação de protesto político e com humor escrachado. Jeff Pitta (Bruno Fagundes) é um candidato a presidente. Sua trajetória critica os políticos e a sociedade brasileira. Diálogos óbvios fazem referência ao candidato à reeleição pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Uma delas é a exibição da mão de Jeff Pitta sem um dos dedos e falando que se sente como "uma Lula".

O nome do personagem remete a Roberto Jefferson, que detonou o escândalo do mensalão, e ao ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta --ah, vá!

No texto de divulgação do espetáculo, lê-se: "Retratando de forma cômica todas as classes sociais, [a peça] nos deixa a questão: será que todo homem tem seu preço?"

Em "Gente que Faz...", a resposta é sim. E o preço é baixíssimo. Já "as classes sociais" a que se refere à divulgação devem ter sido suprimidas pela dramaturgia mambembe. No tablado só são representados pobres e emergentes.

O deslize acaba estragando o que poderia ter sido uma boa sacada: mostrar como o ser humano é suscetível à corrupção, independentemente da posição social.

Se dependerem de encenações como essa, os escândalos da política brasileira continuarão mais tragicômicos no noticiário. Com perdão do trocadilho, Mara Carvalho pregou uma peça no filho.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre peças em São Paulo
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página