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20/09/2006 - 10h03

Selo espanhol Alfaguara aposta em livros de grife

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MARCOS STRECKER
da Folha de S.Paulo

O lançamento do selo Alfaguara, anunciado ontem pelo diretor-presidente da editora Objetiva, Roberto Feith, 54, é uma das raras apostas recentes e expressivas do mercado editorial brasileiro no segmento de literatura de qualidade.

Dos seis títulos escolhidos para inaugurar a marca no Brasil, os destaques são "Travessia de Verão", inédito de Truman Capote que foi redescoberto em 2004, e "Travessuras da Menina Má", o romance recém-lançado na Espanha de Mario Vargas Llosa.

Mas os outros títulos também são de peso. De Cormac McCarthy, o recluso escritor americano que recria o universo mítico do oeste americano, será lançado "Onde os Velhos Não Têm Vez". De Will Self, nome importante da nova literatura britânica, será lançada uma sátira de 1997 inédita no Brasil, "Grandes Símios". O pacote se completa com uma reedição de "Retrato do Artista Quando Jovem", de James Joyce, vertido por Bernardina da Silveira Pinheiro (responsável pela tradução de "Ulisses", lançada em 2005), e com uma antologia de cartas e poemas de Fernando Pessoa, organizada por Luiz Ruffato.

As apostas futuras também têm alguns nomes nacionais, como Ruy Castro, que fechou contrato para escrever uma ficção, e Carlos Heitor Cony, colunista da Folha, que terá toda sua obra reeditada.

A marca Alfaguara, conhecida no mundo hispânico desde a década de 60, é responsável por um dos prêmios literários mais prestigiosos da Espanha e tem em catálogo (na Espanha) as "coleções" de autores como Julio Cortázar, o português José Saramago e Mario Vargas Llosa, entre outros.

A editora Objetiva teve 75% de seu capital adquirido pelo grupo espanhol Prisa-Santillana, dono do selo Alfaguara, em meados de 2005. Ainda que toda a obra de Vargas Llosa tenha sido comprada pela Alfaguara para lançamento no Brasil, o fato de a matriz do selo espanhol possuir o catálogo completo de um autor não significa seu lançamento no Brasil, esclarece Feith.

"As operações são totalmente independentes", diz Feith, para quem o novo selo significa diversificação e aposta na consolidação da marca. O investimento brasileiro na marca gira em torno de US$ 700 mil (cerca de R$ 1,5 milhão) e não há previsão de trazer o prêmio Alfaguara para o Brasil, pelo menos por enquanto.

O lançamento da Alfaguara é mais um lance expressivo em um mercado que tem assistido a grandes movimentações nos últimos anos, com uma tendência ainda em curso de fusões e aquisições.

A agitação ainda não acabou. Ainda que nos últimos dez anos tenha ocorrido uma retração no faturamento (apontada inclusive na última pesquisa da Câmara Brasileira do Livro, divulgada no último dia 30, referente ao biênio 2004/2005), a entrada de "players" estrangeiros "inflacionou" o valor dos autores nacionais e levou os leilões de títulos internacionais a preços estratosféricos.

Só para se ter uma idéia, "O Código Da Vinci", de Dan Brown, teve seus direitos adquiridos pela Sextante por US$ 12 mil (cerca de R$ 25 mil), em 2003. Na próxima semana, sai no Brasil "O Segredo do Anel", da irlandesa Kathleen McGowan, cujos direitos foram adquiridos pela editora Rocco por... US$ 250 mil (cerca de R$ 536 mil).

Autores nacionais como Paulo Coelho, Zuenir Ventura e Fernando Morais mudaram para a editora espanhola Planeta, que tem menos de quatro anos de Brasil, em episódios que agitaram o mercado.

A aposta da Alfaguara em títulos de qualidade, longe da corrida aos novos "Dan Browns", é uma boa notícia.

Ediouro

Além da entrada do grupo espanhol Prisa-Santillana em 2005, as maiores movimentações recentes no mercado editorial aconteceram com o grupo brasileiro Ediouro.

Só neste ano, a Ediouro já anunciou a criação da Pixel (voltada para HQs), a absorção da Geração Editorial (livros de reportagens) e, neste mês, a associação com a gigante Thomas Nelson, que nos EUA é conhecida pelo segmento religioso, mas aqui vai ser responsável pelos títulos de auto-ajuda e negócios da editora.

Jorge Rodrigues Carneiro, presidente do grupo, disse à Folha que "por acaso, os três negócios aconteceram na mesma época, mas todos têm a mesma lógica". Para ele, a entrada das estrangeiras "é uma competição saudável que pode beneficiar a todos".

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