Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/09/2006 - 16h18

Rússia celebra centenário do compositor russo Shostakovich

Publicidade

da France Presse, em Moscou

Com recitais em todo o país e transmissões pela televisão, a Rússia homenageou nesta segunda-feira seu compositor mais censurado durante a era soviética, Dimitri Shostakovich (1906-1975), nascido há exatamente um século e cuja música ainda soa como símbolo de sua própria tragédia.

Mstislav Rostropovich, violoncelista e regente de orquestra, amigo antigo de Shostakovich (1906-1975), regeu hoje a orquestra sinfônica Svetlanov no Conservatório de Moscou. Outro famoso regente, Guennadi Rojdestvenski, apresentou no teatro moscovita Bolshoi "Lady Macbeth de Mzensk" (1934), a ópera de Shostakovich que lhe valeu as primeiras tensões com o regime de Stálin.

Em Ekaterinburgo, nos Urais, o ex-presidente soviético Michail Gorbachov inaugurou a "Época de Shostakovich", um programa de conotações políticas com conferências e concertos do pianista Andrei Gravilov, que conseguiu sair da então União Soviética em 1985 com a ajuda do pai da perestroika.

O centenário do compositor, porém, "não se tornou uma festa popular", como no caso de outros músicos, como Mozart, cujo 250º centenário está sendo celebrado durante todo o ano de 2006, segundo o jornal "Novye Investia". Isso porque sua trajetória ainda divide os russos, que hesitam na hora de falar dele como um herói nacional. Segundo muitos especialistas, o fato de sua música ser indissociável da tragédia russa prejudica sua reputação.

Shostakovich ainda não tinha completado 20 anos quando publicou a "Primeira Sinfonia", que rapidamente se tornou um sucesso internacional. Sua primeira ópera, "O Nariz", foi lançada em 1929. Cinco anos depois, foi a vez de "Lady Macbeth de Mzensk", acolhida com entusiasmo pelo público e com receio por Stálin, a quem desagradou a modernidade da obra.

A ópera foi proibida e Shostakovich teve de reescrevê-la, suprimindo em particular as cenas consideradas "naturalistas" e obscenas demais, em um país onde o sexo estava "sepultado". O artista foi limitado a escrever músicas para filmes, caindo nas graças do poder, o que lhe permitiu estrear, no fim de 1937, sua "Quinta Sinfonia".

Peças secretas

Com uma mão, Shostakovich dedicava obras a Stálin e a Lênin, e com a outra, escreveu peças secretas, como a cantata "Rayok", na qual ridicularizava o ditador soviético.

Atualmente, alguns falam do "oportunismo" de um homem que decidiu ficar em seu país e aceitar honras. Outros insistem em defender sua "dissidência". O destino de Shostakovich foi "tão trágico e paradoxal quanto o da Rússia do século 20", comparou nesta segunda-feira o jornal oficial "Rossiiskaia Gazeta".

A vida do compositor "serviu de exemplo para muita gente. É um manual sobre como suportar ser objeto de perseguições durante muitos anos", declarou, por sua vez, a cantora Galina Vichnevskaia à emissora NTV.

Para o jornal Vlast, "a Rússia ainda tem de aprender a perceber a obra de Shostakovich como música e não como um documento histórico".

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Shostakovich
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página