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07/10/2006 - 09h00

Bienal elimina representações nacionais e discute convivência

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

Um alambrado logo após a entrada principal da 27ª Bienal de São Paulo guarda centenas de armas brancas, como facas, apreendidas durante o regime do apartheid, na África do Sul. Em volta dessa cerca, descendentes de escravos brasileiros vestidos como policiais vigiam o amontoado de armas.

"Security/Segurança", da artista sul-africana Jane Alexander, primeira obra da mostra que será aberta ao público no próximo sábado, representa o manifesto da curadora Lisette Lagnado, que criou uma Bienal com o tema "Como Viver Junto", mas dispõe como entrada de sua exposição um trabalho que aborda a segregação, a violência e o racismo. Afinal, isso é viver junto?

Lalo de Almeida/F
Obra do artista chileno Mario Navarro; veja galeria de imagens da 27ª Bienal de SP
Obra do artista chileno Mario Navarro; veja galeria de imagens da 27ª Bienal de SP
"No começo, todo mundo gostou muito do título, pois acho que as pessoas precisam de uma utopia. Mas à medida que eu ia escolhendo as obras e conversando com os artistas, encontrei muitos que não acreditam no como-viver-junto", diz Lagnado.
Com 118 artistas, a montagem da mostra seguiu dois critérios: de um lado "quem acredita no viver-junto", ou seja, numa sociedade mais justa e, de outro, "quem está desencantado" com o andar do mundo.

A 27ª edição da Bienal de São Paulo está marcada por uma série de inovações, que tiveram início na escolha do curador: três pessoas foram selecionadas para elaborar um projeto para a mostra, submetido a uma comissão independente.

Lalo de Almeida/FI
O suíço Thomas Hirschhorn, durante montagem de instalação "Restore Now"; veja galeria
O suíço Thomas Hirschhorn, durante montagem de instalação "Restore Now"; veja galeria
Lagnado propôs em seu pré-projeto um time de co-curadores, composto pelos brasileiros Adriano Pedrosa e Cristina Freire, a espanhola Rosa Martinez, o colombiano Jose Roca e o alemão Jochen Volz.

Organizadora dos arquivos de Oiticica, Lagnado e seu time criaram a Bienal a partir de dois conceitos do artista: "projetos construtivos", isto é, como as pessoas constroem seu espaço social; e "programas para a vida", ou seja, como se colocam em prática relações comunitárias. Já o título da mostra, "Como Viver Junto", foi inspirado na publicação dos cursos que o filósofo Roland Barthes ministrou no Collège de France, em 1976 e 1977.

Entre as novidades desta edição, a curadora acabou com as representações nacionais, o que já havia sido ensaiado em edições anteriores, mas que agora encerra de vez o modelo de feiras mundiais do século 19, tomado emprestado da Bienal de Veneza.

A Bienal ainda foi distendida no tempo. Começando em janeiro com um dos seis seminários que discutem os conteúdos da mostra, trouxe ao Brasil dez artistas estrangeiros que passaram por um período de residência artística de, em média dois meses, e terá ainda uma mostra paralela com 39 filmes, que teve início na quarta-feira.

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