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14/10/2006 - 09h26

Ferreira Gullar leva suas crônicas para livro de arte

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S.Paulo, no Rio

Não há novidade em colunistas que reúnem em livro textos publicados na imprensa. Mas Ferreira Gullar driblou o previsível e transformou 44 de suas crônicas, publicadas aos domingos na Ilustrada, em um livro de arte.

"Resmungos" tem esse perfil graças às ilustrações de Antonio Henrique Amaral. O artista acompanha o poeta desde sua estréia na Folha, em 2 de janeiro de 2005. O resultado agrada tanto a Gullar que ele não viu sentido em fazer um livro sem que a parte gráfica tivesse igual ou maior importância do que os textos.

"Tinha que ser impresso em cores, o que já determinou o resto: então vamos fazer um livro bacana, capa dura. É um livro estranho, porque é conjuntural, com muitas crônicas políticas, mas também é um livro de arte", diz Gullar, 76.
Ele deixou de fora artigos que considerou excessivamente conjunturais, mas permaneceram vários em que critica duramente o governo Lula.

"São um documento. Acho que, como cidadão, tenho obrigação de dizer o que eu penso. Mas procuro oferecer ao leitor uma chave para ele entender o que está acontecendo, o que é esse governo, o que são essas fraudes em um partido que nasceu como defensor da ética.

"É a minha perplexidade diante disso", explica o autor. Ele preferiu não incluir os textos sobre a polêmica que travou com o Ministério da Cultura na virada de 2005 para 2006 --um assessor do ministro Gilberto Gil o chamou de stalinista. "É uma coisa desagradável, para esquecer. Foi uma acusação cretina, o que é comum nesse governo", diz.

Coube aos designers Claudia Warrak e Raul Loureiro adaptar para o livro os trabalhos de Amaral. "O formato das ilustrações no jornal é horizontal, mas o livro é vertical. Eles tiveram que usar páginas duplas, fazer ajustes", conta Amaral, 71, que nunca antes havia ilustrado uma coluna semanal. "É um capítulo à parte, pois meu trabalho não costuma ser figurativo, e na coluna às vezes é. Não há necessidade de eu ser literal, mas procuro manter o espírito da crônica", diz.

"Resmungos" é o nome da seção de notas que Gullar criou em 2002 em sua página na internet, parte do site Portal Literal. No primeiro texto na Folha, repetiu o título, mas ressalta que não é mal-humorado.

"Faço o possível para não ser chato. Mas sou encucado com coisas absurdas que acontecem: a desigualdade social, os sofrimentos das pessoas, a arbitrariedade policial, um juiz maluco que dá uma decisão sem pensar no interesse social", elenca.

Diversificado, o livro tem lembranças de pessoas e histórias, artigos sobre poesia e arte, comentários acerca de temas atuais e até ficção. A verve de Gullar e as cores de Amaral são o denominador comum. A editora informa que já pensa num segundo volume.

RESMUNGOS
Autores: Ferreira Gullar e Antonio Henrique Amaral
Editora: Imprensa Oficial
Quanto.: R$ 65 (208 págs.)
Lançamento: São Paulo --quarta, às 19h, na livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista, 2.073, tel. 0/xx/11/3170-4033); Rio --24/10, às 19h, na Livraria da Travessa (rua Visconde de Pirajá, 572, tel. 0/xx/21/3205-9002)

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