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23/10/2006 - 11h11

"Efeito Madonna" pode estimular adoção de crianças africanas

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ISAAC MAGENA
da France Presse, em Johannesburgo

A adoção de um bebê do Maláui por parte da estrela Madonna despertou fortes críticas, mas o crescente número de órfãos africanos devido à Aids e às guerras civis mostra a urgência de se discutir o tema.

O número de órfãos no continente mais pobre do planeta, que atualmente já chega aos 43 milhões, parece destinado a continuar crescendo. As Nações Unidas estimam que pelo menos 18 milhões de crianças africanas terão perdido um dos pais antes do fim da década. A isso se acrescenta outra informação: antes, os órfãos eram recolhidos pelos familiares, mas a pandemia da Aids dizima também os parentes capazes de criá-los.

Sarah Crowe, porta-voz do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), considera que a adoção das crianças africanas por estrangeiros "não é algo ruim", mas deveria ser o último recurso. "A melhor maneira de diminuir as adoções internacionais é incentivar a participação das comunidades e desenvolver o espírito 'ubuntu' ['solidariedade' em zulu]", declara a porta-voz. "Deveríamos apoiar e dar uma oportunidade às famílias de criar essas crianças. A adoção internacional deveria ser o último recurso."

Marika Bloem, assistente social especializada em adoções do Ministério sul-africano de Desenvolvimento Social, afirma que o mais importante é dar às crianças uma certa estabilidade, mas diz acreditar ser necessário que mais africanos desejem adotar, para evitar o choque cultural dos órfãos.

"Há um grave problema com as crianças abandonadas e órfãs que precisam de pais estáveis", diz. Ela informa que o número cresce "e é necessário que as pessoas as adotem, em particular os negros, cuja cultura não os estimula a adotar".

Diferenças

Na África do Sul, 300 crianças foram adotadas por estrangeiros em 2005. A maioria dos pais adotivos vem de Holanda e Suécia.

Gail Johnson, uma branca, ela mesma adotada, e que por sua vez adotou dois pequenos negros em Johannesburgo, destaca que a diferença de origens não deveria ser um obstáculo e que o essencial é a capacidade de dar amor.

"Por que quando se trata de uma celebridade isso desperta tantas paixões?", pergunta ela, que também se tornou célebre quando um de seus filhos adotivos, Nkosi --que morreu--, pronunciou um discurso emocionado, na Conferência Internacional sobre a Aids de 2001, contra a marginalização dos doentes.

"Se alguém pode ajudar uma criança pobre a ter uma família, porque tanta história? Se alguém cruza com um órfão com fome e ama esse menino, por que impedir que o adote se respeita o procedimento adequado?", acrescenta Gail Johnson, que fundou um lar para as mães com portadoras do HIV e seus filhos.

A porta-voz do Unicef ressalta finalmente que o mais importante é que os pais adotivos levem a sério suas responsabilidades. "Trata-se de fazer o melhor em favor das crianças. De dar a elas um lar afetuoso que favoreça seu desenvolvimento", conclui Sarah Crowe.

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