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25/10/2006 - 10h19

Herbie Hancock comanda noite de jazz no Tim Festival

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CARLOS CALADO
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Não é preciso organizar uma enquete entre o público do Tim Festival para se descobrir por que os ingressos para a noite de abertura, em São Paulo (nesta sexta-feira, no Auditório Ibirapuera), esgotaram-se em apenas três dias, mais de um mês atrás. No programa dessa noite tão disputada, ao lado dos aqui pouco conhecidos pianistas Ahmad Jamal e Stefano Bollani, está o nome de Herbie Hancock. Um dos músicos de jazz mais populares nos últimos 40 anos, ele também vai se apresentar em Vitória, no sábado, e no Rio, no domingo.

Quem não identifica Hancock pelos discos que gravou com as inventivas bandas do trompetista Miles Davis durante grande parte dos anos 60, ou por suas incursões pelo jazz-rock e pelo funk com a banda The Headhunters, nos anos 70, provavelmente o conhece como autor de "Cantaloup Island", que a banda inglesa de acid jazz Us3 transformou em hit mundial, na década passada.

"Uma das melhores características do jazz é a de ser aberto, de ser inclusivo", disse Hancock, 66, em entrevista à Folha, por telefone, de Los Angeles (EUA). Seus diálogos com outros gêneros musicais já lhe renderam prêmios e recordes de vendagem mas também narizes torcidos de críticos e fãs mais conservadores.

O caso mais recente foi o álbum "Possibilities", que Hancock lançou em 2005. Nele, o pianista e tecladista aparece em duos com diversos nomes da música pop, como Christina Aguilera, Annie Lennox, Sting, Santana e Joss Stone.

"É um álbum diferente de tudo que eu fiz antes. Em termos sonoros, não se trata de um trabalho de vanguarda, mas a concepção desse álbum é realmente nova. Tenho muito orgulho desse trabalho", diz ele, rebatendo as críticas que acusaram o projeto de ser excessivamente comercial.

A boa notícia para os fãs que desaprovaram esse álbum é que Hancock não pretende reproduzi-lo no Tim Festival, até porque nem poderia contar com as presenças de seus convidados. "Provavelmente, vou tocar uma combinação de jazz acústico e elétrico", diz ele, deixando essa definição para minutos antes dos shows.

Hancock é um daqueles que têm detectado uma onda de conservadorismo na cena do jazz norte-americano durante as últimas décadas. "Felizmente, isso não acontece no país todo. Não vejo esse conservadorismo, por exemplo, no grupo de Wayne Shorter, que está rompendo fronteiras com sua música", diz referindo-se ao saxofonista e ex-parceiro na banda de Miles Davis.

Conhecido desde os anos 70 como um entusiasta dos recursos eletrônicos e das novas tecnologias na música, o tecladista não esconde o tom irônico quando se refere à crise enfrentada pela indústria fonográfica tradicional.

"Tentei avisar aos responsáveis pela indústria musical que deveriam prestar mais atenção à internet e à tecnologia que permite transmitir música diretamente ao público por meio de um servidor, mas eles não se mexeram. Agora a indústria de computadores tomou conta dessa atividade. Eu sabia que isso ia acontecer", afirma.

Hancock encara esse novo modelo de distribuição de música como uma mudança bastante favorável aos artistas. "Um novo modo de se pensar o negócio da música se abriu para os músicos, que agora têm a chance de ser donos de seus próprios negócios. Agora podem vender sua música por websites ou podem fazer seus próprios CDs", comenta.

Trabalho em grupo

Ao saber que vai dividir a noite com o veterano pianista Ahmad Jamal, Hancock se anima. "Adoro a música dele, que comecei a escutar quando ainda era muito jovem. Jamal exerceu uma grande influência sobre mim, assim como exerceu sobre Miles Davis. Adoro a abertura que ele tem em relação à música", diz.

Depois de se dedicar por cinco décadas ao jazz, como Hancock o encara hoje? "O jazz é a música que ainda expressa o melhor do espírito humano. Ele tem a ver com a idéia de compartilhar e não com a de competir. O jazz tem a ver com trabalho em grupo."

Especial
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