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29/10/2006
-
09h55
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo
No júri da 30ª Mostra de Cinema de São Paulo, o diretor iraniano Bahman Ghobadi sabe bem o que procura: "Bons filmes, que abram novas janelas no cinema, que sejam fortes, especiais, únicos, que causem impacto nas pessoas, porque o cinema precisa de algo novo e isso não acontece freqüentemente".
Na pequena sala de projeção da Faap em que ele ocupou um lugar nas tardes de terça, quarta e quinta dessa semana, a busca era outra.
Ghobadi estava lá para oferecer uma oficina de direção cinematográfica, que atraiu 30 inscritos. Mas o diretor se mostrou tão interessado em aprender sobre o cinema brasileiro que inverteu diversas vezes o vetor das perguntas.
"O que vocês acham do Walter Salles? Ele é meu amigo"; "Gosto muito de 'Cidade de Deus'. Vocês gostam?" foram algumas de suas curiosidades, no primeiro encontro.
Quanto Ghobadi, 36, perguntou quantos ali já haviam filmado, 15 mãos apontaram para o alto. Ghobadi propôs que, no dia seguinte, os alunos lhe levassem cópias de seus filmes em DVD, para que ele os assistisse à noite.
Alguém objetou que seria muito trabalho. "Não importa. Eu gosto de fazer isso", disse, e ainda pediu dicas de filmes brasileiros que pudesse comprar em DVD.
Da parte dos alunos, eram outras as curiosidades sobre o autor de filmes como "Tempo de Embebedar Cavalos" e "Half Moon" (que está na programação da Mostra).
Censura oficial e autocensura foram temas dominantes. O cineasta falou sobre a dificuldade que autores desvinculados do governo têm para obter apoio financeiro às suas produções, mas não negou seu próprio constrangimento em abordar temas desaprovados pelo islamismo.
Contou que adoraria reproduzir num filme a experiência que teve quando garoto de espiar às escondidas mulheres que se desvestiam num banho público, porém exclusivamente feminino. "Mas se eu fizesse isso, até os curdos me matariam", disse.
Por mais simples que pareça, a receita para filmar (no Irã e em qualquer outra parte), segundo Ghobadi, é seguir em frente, não importa quais sejam as dificuldades.
A obstinação, aposta o diretor, vai levar longe alguns de seus alunos paulistas. "Espero encontrar vocês nos festivais internacionais", disse, ao se despedir da turma. "Há uns três ou quatro aqui que vão chegar mais rápido", avisou.
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Na Faap, iraniano ensina a filmar e discute censura no cinema
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da Folha de S.Paulo
No júri da 30ª Mostra de Cinema de São Paulo, o diretor iraniano Bahman Ghobadi sabe bem o que procura: "Bons filmes, que abram novas janelas no cinema, que sejam fortes, especiais, únicos, que causem impacto nas pessoas, porque o cinema precisa de algo novo e isso não acontece freqüentemente".
Na pequena sala de projeção da Faap em que ele ocupou um lugar nas tardes de terça, quarta e quinta dessa semana, a busca era outra.
Ghobadi estava lá para oferecer uma oficina de direção cinematográfica, que atraiu 30 inscritos. Mas o diretor se mostrou tão interessado em aprender sobre o cinema brasileiro que inverteu diversas vezes o vetor das perguntas.
"O que vocês acham do Walter Salles? Ele é meu amigo"; "Gosto muito de 'Cidade de Deus'. Vocês gostam?" foram algumas de suas curiosidades, no primeiro encontro.
Quanto Ghobadi, 36, perguntou quantos ali já haviam filmado, 15 mãos apontaram para o alto. Ghobadi propôs que, no dia seguinte, os alunos lhe levassem cópias de seus filmes em DVD, para que ele os assistisse à noite.
Alguém objetou que seria muito trabalho. "Não importa. Eu gosto de fazer isso", disse, e ainda pediu dicas de filmes brasileiros que pudesse comprar em DVD.
Da parte dos alunos, eram outras as curiosidades sobre o autor de filmes como "Tempo de Embebedar Cavalos" e "Half Moon" (que está na programação da Mostra).
Censura oficial e autocensura foram temas dominantes. O cineasta falou sobre a dificuldade que autores desvinculados do governo têm para obter apoio financeiro às suas produções, mas não negou seu próprio constrangimento em abordar temas desaprovados pelo islamismo.
Contou que adoraria reproduzir num filme a experiência que teve quando garoto de espiar às escondidas mulheres que se desvestiam num banho público, porém exclusivamente feminino. "Mas se eu fizesse isso, até os curdos me matariam", disse.
Por mais simples que pareça, a receita para filmar (no Irã e em qualquer outra parte), segundo Ghobadi, é seguir em frente, não importa quais sejam as dificuldades.
A obstinação, aposta o diretor, vai levar longe alguns de seus alunos paulistas. "Espero encontrar vocês nos festivais internacionais", disse, ao se despedir da turma. "Há uns três ou quatro aqui que vão chegar mais rápido", avisou.
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