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30/10/2006
-
10h31
CÁSSIO STARLING CARLOS
da Folha de S.Paulo
A proclamada nova onda do cinema sul-coreano mais se esconde que se mostra ao espectador brasileiro. Pois por aqui essa cinematografia, certamente interessante e produtiva, vem sendo sinônimo exclusivo dos filmes de Kim Ki-duk, que está longe de representar o cinema que se faz em seu país.
A presença incessante de Kim Ki-duk deve-se ao apoio de financiamentos estrangeiros, e seu cinema é feito de olho nesses mercados. Disso decorre a predominância, em seus trabalhos, de clichês orientais, como os que estão na base de "Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera" e "O Arco" (com seu "zen-turismo", na definição certeira do crítico Ruy Gardnier). Além da busca de uma poesia forçada, prevalece uma ênfase no "artístico", o que dilui os resultados em um amontoado de obviedades.
No filme "Time", mais uma vez, o diretor coreano busca estabelecer um drama a partir do que ele considera um "conceito", a saber, o tempo como elemento transformador dos relacionamentos, em particular sobre as relações amorosas, e a mutação da aparência como sinal da crença exclusiva na imagem e na superfície.
Kim parte de uma obsessão contemporânea --a cirurgia plástica-- para configurar seu discurso pseudofilosófico sobre a transformação. Para isso, arma uma trama de vaivém de um casal, que se perde e se reencontra para se perder em decorrência da obsessão de um pela imagem do outro.
O longa-metragem alterna o drama psicológico e a comédia na tentativa de demonstrar a idéia que o mesmo se torna outro, explicando assim a falência dos relacionamentos.
O problema é que o diretor coreano não chega a transformar seu tema em cinema, contentando-se a forçar as imagens a ilustrar um roteiro, não destituído de interesse, mas dependente em demasia de um pacto suposto entre o espectador e seu conceito.
E irrita mais uma vez com sua necessidade de recorrer aos mais desgastados clichês para construir um discurso que se pretende profundo, o que, enfim, é tão superficial quanto aquilo que pretende criticar.
Especial
Saiba tudo sobre a 30ª Mostra de Cinema de SP
Diretor sul-coreano decepciona com clichês orientais em "Time"
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da Folha de S.Paulo
A proclamada nova onda do cinema sul-coreano mais se esconde que se mostra ao espectador brasileiro. Pois por aqui essa cinematografia, certamente interessante e produtiva, vem sendo sinônimo exclusivo dos filmes de Kim Ki-duk, que está longe de representar o cinema que se faz em seu país.
A presença incessante de Kim Ki-duk deve-se ao apoio de financiamentos estrangeiros, e seu cinema é feito de olho nesses mercados. Disso decorre a predominância, em seus trabalhos, de clichês orientais, como os que estão na base de "Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera" e "O Arco" (com seu "zen-turismo", na definição certeira do crítico Ruy Gardnier). Além da busca de uma poesia forçada, prevalece uma ênfase no "artístico", o que dilui os resultados em um amontoado de obviedades.
No filme "Time", mais uma vez, o diretor coreano busca estabelecer um drama a partir do que ele considera um "conceito", a saber, o tempo como elemento transformador dos relacionamentos, em particular sobre as relações amorosas, e a mutação da aparência como sinal da crença exclusiva na imagem e na superfície.
Kim parte de uma obsessão contemporânea --a cirurgia plástica-- para configurar seu discurso pseudofilosófico sobre a transformação. Para isso, arma uma trama de vaivém de um casal, que se perde e se reencontra para se perder em decorrência da obsessão de um pela imagem do outro.
O longa-metragem alterna o drama psicológico e a comédia na tentativa de demonstrar a idéia que o mesmo se torna outro, explicando assim a falência dos relacionamentos.
O problema é que o diretor coreano não chega a transformar seu tema em cinema, contentando-se a forçar as imagens a ilustrar um roteiro, não destituído de interesse, mas dependente em demasia de um pacto suposto entre o espectador e seu conceito.
E irrita mais uma vez com sua necessidade de recorrer aos mais desgastados clichês para construir um discurso que se pretende profundo, o que, enfim, é tão superficial quanto aquilo que pretende criticar.
Especial
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