Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
30/10/2006 - 10h43

"Paris, Te Amo", em cartaz na Mostra, traz megalópole múltipla

Publicidade

PEDRO BUTCHER
da Folha de S.Paulo

A reunião de histórias curtas em longas-metragens foi um expediente comum nos anos 60, principalmente entre produtores europeus --alguns exemplos marcantes foram "Os Sete Pecados Capitais" (1962), "Rogopag" (1963), e "Paris Vu Par..." (1965). Lançado em maio passado no Festival de Cannes, "Paris, te Amo" recupera esse espírito oportunista (não necessariamente picareta) ao propor uma espécie de "remake" de "Paris Vu Par...", com duas grandes diferenças.

Enquanto a versão de 1965 privilegiava o olhar interno, com seis episódios assinados por estrelas da nouvelle vague (Godard, Rohmer, Chabrol e Jean Rouch), o novo projeto dá prioridade a cineastas estrangeiros e assume riscos maiores, multiplicando-se por 18 curtas.

Essa opção é curiosa. A superfragmentação, ao mesmo tempo em que acentua aquele problema irremediável dos filmes em episódios (a irregularidade), também se mostra mais adequada para somar uma visão múltipla, diversificada, de uma megalópole européia contemporânea como é Paris hoje.

Na medida em que nenhum curta ultrapassa dez minutos, a experiência da "irregularidade" é suavizada. Os olhares estrangeiros ajudam a desmistificar Paris sem perder o amor pela cidade, e o corte final encontrado pelos produtores procura uma fluidez própria, gerando um mosaico de cadência própria em um conjunto relativamente bem-sucedido.

Os caminhos propostos ora são mais previsíveis, ora surpreendentes. Foram mais bem-sucedidos aqueles que apostaram na síntese. Os brasileiros Walter Salles e Daniela Thomas, por exemplo, conseguiram fazer um "road movie" sem sair de Paris, acompanhando o caminho de uma jovem imigrante (Catalina Sandino Moreno) desde sua casa na periferia até um elegante bairro onde trabalha como babá. Com pouquíssimo, dizem muito.

Alguns cineastas que costumam gerar expectativa (como Gus Van Sant ou Wes Craven) realizaram peças burocráticas, enquanto outros, dos quais pouco podia se esperar (como Alexander Payne), surpreendem. O australiano Chritopher Doyle, diretor de fotografia dos filmes de Wong Kar Wai, radicaliza na excentricidade; a queniana Gurinder Chadha se afoga na necessidade de ser politicamente correta; Joel e Ethan Coen debocham do mau humor francês de forma estereotipada, porém hilariante, enquanto Olivier Assayas, com seus flagrantes de uma atriz americana em passagem por Paris, assina um dos melhores episódios.

Há, no entanto, um capítulo que se impõe de forma avassaladora por um motivo simples: reúne Gena Rowlands e Ben Gazarra, os dois lendários atores de John Cassavetes, em torno de um roteiro radicalmente afetivo assinado por Rowlands. Em um café do Quartier Latin, um casal separado conversa sobre o rumo de suas vidas. É absolutamente emocionante testemunhar esse encontro de gigantes, registrado da forma mais simples possível pelos diretores Frédéric Auburtin e Gerard Depardieu.

Especial
  • Saiba tudo sobre a 30ª Mostra de Cinema de SP
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página