Publicidade
Publicidade
30/10/2006
-
09h11
BRUNO YUTAKA SAITO
Enviado especial da Folha de S.Paulo ao Rio
Na noite anterior à eleição que definiria o próximo presidente brasileiro, a cantora e compositora Patti Smith, 59, fazia, no palco do Tim Festival, uma espécie de boca-de-urna. "Siga seu coração e vote. Quem está no governo deve servir a você. Não é o povo quem serve ao governo", disse a sacerdotisa do punk no sábado, antes de cantar seu simbólico hit "People Have the Power" [as pessoas têm o poder].
Durante um show impecável, Smith alternou clássicos de sua carreira com referências à eleição brasileira, críticas ao governo norte-americano e à igreja, falou sobre preservação do meio-ambiente e do poder da voz de cada pessoa -o velho e sempre atual mandamento punk do faça você mesmo.
A mesma retórica foi defendida pela cantora em entrevista à Folha antes da passagem de som. Questionada pela reportagem sobre que conselho daria aos brasileiros em relação à eleição, Smith disse que seria difícil tecer comentários: "No meu país temos nos mostrado muito pouco nas eleições. Apenas metade das pessoas vota, o que é deplorável. As melhores pessoas não ganham; os melhores partidos independentes passam por um período difícil para ficar mais fortes, porque somos dominados por um sistema de dois partidos grandes".
"Não faça como os americanos. Não fique em casa. Saia e vote, pois um único voto é muito importante. Se você tiver dois candidatos concorrendo, e um deles tem mais chances de servir ao povo de um modo melhor, vote nele. Porque alguém vai tomar o poder, e os governos, em qualquer parte do mundo, têm se esquecido de sua obrigação básica: servir ao povo, e não o contrário."
História ao vivo
Smith começou o show com "Gimme Shelter" (Rolling Stones), prévia do próximo disco, que terá versões para músicas de seus ídolos, como Bob Dylan, Hendrix e o Nirvana. Em seguida, Smith contou, através de músicas, a história de sua carreira e do nascimento do punk em Nova York, privilegiando canções como "Free Money", "Kimberly" e "Redondo Beach", de seu primeiro disco, "Horses" (1975).
No visual, Smith lembrou uma versão envelhecida da figura sexualmente ambígua eternizada por Robert Mapplethorpe na capa do álbum, com camisa branca, gravata e chapéus pretos e coturno. Entre as cusparadas raivosas que dava ao chão no meio das músicas, sossegou com seu maior sucesso, "Because the Night", e voltava nervosa e roqueira, entre microfonias de guitarra, em "Rock'n'Roll Nigger". Encerrou o show de forma simbólica, com "Gloria", a primeira música do seu primeiro disco, e intercalou um "hey, ho, let's go", o chamado clássico dos Ramones, ao refrão. Se Jesus e o CBGB's [bar que foi marco do nascimento do punk, fechado recentemente] morreram, não foram pelos pecados de Smith.
NOITE ENGAJADA
A política deu o tom da segunda noite do Tim Festival no Rio. Além do contundente discurso de Patti Smith, o público se posicionou através de camisetas. As vermelhas tinham a estampa "Lula Sim" e as pretas, "Lula Não". Um dos integrantes do TV on the Radio usava uma com a frase "I Love Iraq".
VIVA VAIA
Caetano Veloso foi vaiado pelo menos uma vez no Tim Festival: na noite de sábado, no palco Lab, ao ouvirem o anúncio de que ainda havia ingressos para o show do cantor no domingo, o público lascou uma vaia pontuada por gritos de "TV on the Radio!". Ele não foi visto por lá naquele momento.
HOLLYWOOD
Como sempre, o Tim Festival no RJ estava lotado de celebridades. Foram vistos circulando por lá Caetano Veloso, Paula Burlamaqui, Paula Lavigne, Mariana Ximenes, Cléo Pires, Lulu Santos, Marina, Otto, Alessandra Negrini...
Leia mais
Daft Punk revive a história da eletrônica no Tim Festival
Hancock faz show apenas correto; "Coadjuvantes" do jazz surpreendem
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Tim Festival
Patti Smith faz discursos em show repleto de clássicos no Tim
Publicidade
Enviado especial da Folha de S.Paulo ao Rio
Na noite anterior à eleição que definiria o próximo presidente brasileiro, a cantora e compositora Patti Smith, 59, fazia, no palco do Tim Festival, uma espécie de boca-de-urna. "Siga seu coração e vote. Quem está no governo deve servir a você. Não é o povo quem serve ao governo", disse a sacerdotisa do punk no sábado, antes de cantar seu simbólico hit "People Have the Power" [as pessoas têm o poder].
Durante um show impecável, Smith alternou clássicos de sua carreira com referências à eleição brasileira, críticas ao governo norte-americano e à igreja, falou sobre preservação do meio-ambiente e do poder da voz de cada pessoa -o velho e sempre atual mandamento punk do faça você mesmo.
A mesma retórica foi defendida pela cantora em entrevista à Folha antes da passagem de som. Questionada pela reportagem sobre que conselho daria aos brasileiros em relação à eleição, Smith disse que seria difícil tecer comentários: "No meu país temos nos mostrado muito pouco nas eleições. Apenas metade das pessoas vota, o que é deplorável. As melhores pessoas não ganham; os melhores partidos independentes passam por um período difícil para ficar mais fortes, porque somos dominados por um sistema de dois partidos grandes".
"Não faça como os americanos. Não fique em casa. Saia e vote, pois um único voto é muito importante. Se você tiver dois candidatos concorrendo, e um deles tem mais chances de servir ao povo de um modo melhor, vote nele. Porque alguém vai tomar o poder, e os governos, em qualquer parte do mundo, têm se esquecido de sua obrigação básica: servir ao povo, e não o contrário."
História ao vivo
Smith começou o show com "Gimme Shelter" (Rolling Stones), prévia do próximo disco, que terá versões para músicas de seus ídolos, como Bob Dylan, Hendrix e o Nirvana. Em seguida, Smith contou, através de músicas, a história de sua carreira e do nascimento do punk em Nova York, privilegiando canções como "Free Money", "Kimberly" e "Redondo Beach", de seu primeiro disco, "Horses" (1975).
No visual, Smith lembrou uma versão envelhecida da figura sexualmente ambígua eternizada por Robert Mapplethorpe na capa do álbum, com camisa branca, gravata e chapéus pretos e coturno. Entre as cusparadas raivosas que dava ao chão no meio das músicas, sossegou com seu maior sucesso, "Because the Night", e voltava nervosa e roqueira, entre microfonias de guitarra, em "Rock'n'Roll Nigger". Encerrou o show de forma simbólica, com "Gloria", a primeira música do seu primeiro disco, e intercalou um "hey, ho, let's go", o chamado clássico dos Ramones, ao refrão. Se Jesus e o CBGB's [bar que foi marco do nascimento do punk, fechado recentemente] morreram, não foram pelos pecados de Smith.
NOITE ENGAJADA
A política deu o tom da segunda noite do Tim Festival no Rio. Além do contundente discurso de Patti Smith, o público se posicionou através de camisetas. As vermelhas tinham a estampa "Lula Sim" e as pretas, "Lula Não". Um dos integrantes do TV on the Radio usava uma com a frase "I Love Iraq".
VIVA VAIA
Caetano Veloso foi vaiado pelo menos uma vez no Tim Festival: na noite de sábado, no palco Lab, ao ouvirem o anúncio de que ainda havia ingressos para o show do cantor no domingo, o público lascou uma vaia pontuada por gritos de "TV on the Radio!". Ele não foi visto por lá naquele momento.
HOLLYWOOD
Como sempre, o Tim Festival no RJ estava lotado de celebridades. Foram vistos circulando por lá Caetano Veloso, Paula Burlamaqui, Paula Lavigne, Mariana Ximenes, Cléo Pires, Lulu Santos, Marina, Otto, Alessandra Negrini...
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice