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31/10/2006 - 18h11

Morte do "verdadeiro" James Bond volta à mídia na Inglaterra

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da Efe, em Londres

A misteriosa morte de Lionel "Buster" Crabb, herói naval que inspirou a criação de James Bond, voltou nesta semana às capas dos jornais, depois que foram publicados novos documentos secretos que revelam que o governo do Reino Unido encobriu o fato.

Capitão de fragata e mergulhador da Marinha britânica (Royal Navy), Crabb, segundo alguns especialistas, serviu de modelo para o escritor Ian Fleming criar o agente 007, o famoso espião vivido no cinema por grandes atores, como Sean Connery.

Como integrante de uma brigada de artífices da Royal Navy, o militar ganhou fama de valente e o apelido de "Buster" ("Macho") por suas arriscadas missões na Segunda Guerra Mundial, o que lhe valeu a condecoração como Oficial do Império Britânico.

História

Nascido em 1909, Crabb abandonou a Marinha em 1955, e um ano depois foi recrutado pelo MI6 (serviço de espionagem exterior britânico) para uma missão que marcaria não apenas sua vida, mas também sua morte.

O MI6 pediu ao mergulhador que espionasse o cruzeiro de guerra Ordzhonikidze, no qual viajou o líder soviético Nikita Khrushchev durante uma visita ao Reino Unido, e que se encontrava ancorado no porto de Portsmouth (sul da Inglaterra).

Em 19 de abril de 1956, Crabb mergulhou para inspecionar o navio russo, enquanto um oficial da Royal Navy dava cobertura na superfície. No entanto, o espião britânico nunca retornou de sua missão.

Rapidamente, Crabb foi dado como morto e o então primeiro-ministro do Reino Unido, Anthony Eden, declarou perante o Parlamento que não "iria, em benefício do interesse geral", revelar as circunstâncias do falecimento.

Além disso, Eden revelou que a operação foi realizada sem a autorização ou o conhecimento dos ministros da Coroa Britânica, o que acabou custando o emprego do chefe do MI6, John Sinclair.

Verdade

A pouca vontade do governo em esclarecer o fato gerou uma série de rumores sobre o destino de Crabb: alguns diziam que o espião continuava vivo e morava na Rússia como oficial da Marinha soviética, enquanto outros especulavam que os russos o haviam matado.

Quinze documentos confidenciais divulgados nesta semana pelos Arquivos Nacionais do Reino Unido, com sede em Kew (sudoeste de Londres), provam o interesse das autoridades em encobrir a verdade.

WH Lewin, chefe de Lei Naval, escreveu depois do enigmático desaparecimento: "Se isto for descoberto (...) será algo que não enquadrará muito bem com nossa declaração de que Crabb esteve fora da Armada durante um ano até o momento de sua morte".

Outro fato interessante sobre a misteriosa morte de Crabb diz respeito ao seu ajudante anônimo, que teria auxiliado "Buster" de forma "não oficial". "Suas atitudes (de Crabb), até desaparecer sob a água, foram normais e as condições para o mergulho eram boas. Depois, não voltei a vê-lo", relata o ajudante.

Em 9 de junho de 1957, o cadáver decapitado de um mergulhador com as mãos mutiladas apareceu boiando nas águas da ilha de Pilsey, não muito longe de Portsmouth, e um juiz forense abriu uma investigação.

Outra evidência do encobrimento oficial da morte do espião emana do fato de que a Royal Navy quis evitar que o ajudante anônimo testemunhasse no tribunal, e em seu lugar enviou o funcionário George William Bostock. Um dos escritos publicados pelos Arquivos Nacionais deixa claro que Bostock "não sabe nada dos antecedentes da história e não será capaz de responder a perguntas embaraçosas.".

Finalmente, o juiz sentenciou que o corpo correspondia a Lionel Crabb, apesar de sua namorada, Pat Rose, negar o reconhecimento do cadáver. No entanto, uma outra amiga do desaparecido, Sydney Knowles, declarou que o corpo, assim como "Buster", possuía uma cicatriz no joelho esquerdo.

Especial
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