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08/11/2006 - 09h48

Música popular ganha seu "Houaiss" com 5.000 verbetes

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S.Paulo, no Rio

Com seus 5.322 verbetes, o "Dicionário Houaiss Ilustrado da Música Popular Brasileira" é o maior livro do gênero já produzido no país. Até hoje, a empreitada mais ambiciosa tinha sido a "Enciclopédia da Música Brasileira", lançada em 1977 por Marcos Antônio Marcondes, atualizada em 2000, mas não tão extensa.

Ainda assim, o calhamaço lançado nesta semana tem um gosto levemente amargo para o seu criador, Ricardo Cravo Albin, 65.

"É uma dilaceração. A não ser quando ficou pronto esse livro tão bonito, foi mais sofrimento do que prazer, porque significou decepar informações que foram colecionadas ao longo da vida", diz o pesquisador.

O lamento se explica na internet. O site Dicionário Cravo Albin (www.dicionariompb.com.br), no ar desde 2001, tem mais de 7.000 verbetes e espaço ilimitado de texto.

Pelos cálculos de Ricardo Cravo Albin, o material virtual equivale a 32 dicionários impressos com o tamanho deste que está sendo lançado --1.176 páginas.

"O livro é a essência, a súmula. Para ampliar, a pessoa vai no on-line. Eles são complementares", diz.

Foi em 1999 que o Instituto Cultural Cravo Albin começou a produzir verbetes. Há cinco anos, com ajuda de uma fundação do Estado do Rio de apoio à pesquisa, a página é atualizada diariamente na internet --no momento, por quatro pessoas.

Para a versão impressa, Cravo Albin se aliou ao Instituto Antônio Houaiss, que montou uma equipe de 11 lexicógrafos responsáveis por padronizar os verbetes e reduzi-los.

"Felizmente, sem a minha participação, porque nessa dor eu não fui tão longe", conta o pesquisador.

Sem crítica

O que coube a ele, anos atrás, foi a concepção dos verbetes: com a maior quantidade possível de informações --em parte extraídas de seu próprio acervo-- e sem juízos de valor.

"Nem poderia ser outra coisa. Dicionário não pode ser crítico, não há sentido", afirma. "Não é um trabalho de análise, mas um banco de dados", complementa Heloísa Tapajós, que assumiu neste ano a coordenação dos pesquisadores no lugar de Júlio Diniz.

Mulher do compositor Paulinho Tapajós e irmã dos músicos Dadi e Mú Carvalho, Heloísa teve como uma de suas funções mapear um número grande de instrumentistas, especialmente do Rio de Janeiro e de São Paulo. Como muitas vezes eles não têm composições nem trabalhos solo, costumam ficar à margem das obras de referência.

"Eles são os patinhos feios da música. Nós os priorizamos", diz Cravo Albin.

Outra particularidade do dicionário é sua iconografia. Em vez de fotos, mais de 500 ilustrações, principalmente caricaturas. Cássio Loredano reuniu trabalhos seus, de Nássara, J. Carlos, Luís Trimano, Jaguar, Lan, Chico Caruso e outros grandes desenhistas.

"Esse é o toque de sedução do livro e a sua absoluta originalidade mundial", aposta Cravo Albin.
Não houve tempo para o dicionário conter informações de 2006. O objetivo é atualizá-lo de quatro em quatro anos. "Na música popular, as pessoas nascem, crescem e morrem com muita velocidade. O livro não é uma obra jamais fechada, muito menos completa. Vão me perdoar, mas vai haver muitos erros, como tem que haver numa matéria com esse dinamismo", diz o pesquisador.

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