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12/11/2006 - 09h01

"Antônia" leva periferia de São Paulo à televisão

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LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

"O melhor dessa história é poder falar da periferia na TV." Fernando Meirelles, o cineasta que levou o Brasil a receber quatro indicações ao Oscar, refere-se a "Antônia", série de sua produtora, a O2 Filmes, que a Globo exibe semanalmente a partir da próxima sexta-feira.

O seriado narra a trajetória de quatro mulheres da Vila Brasilândia, periferia da zona norte de São Paulo, que formam o grupo de rap Antônia em busca de sucesso e, principalmente, sustento. As protagonistas são cantoras que, na vida real, atingiram esses objetivos: Negra Li, Leilah Moreno, Cindy Mendes e Quelynah.

Além de colocar a periferia no centro da história, "Antônia" subverte a tradição da teledramaturgia da Globo ao apresentar heroínas negras, pobres, rappers e paulistanas. "É muito bom falar da periferia dessa forma iluminada e positiva, com quatro mulheres negras no elenco", afirma Tata Amaral, idealizadora do projeto.

Além disso, trata-se de mais uma produção independente para a qual a Globo, após muita resistência, começa a se abrir. Fernando Meirelles, presente no lançamento da série em São Paulo, na última quarta-feira, tem mesmo que comemorar.

Essa Globo da periferia começou em 2000 com "Palace 2", especial dirigido e produzido por Meirelles para integrar a série "Brava Gente Brasileira", de Guel Arraes. Foi então que a TV brasileira mostrou a favela carioca, seus "vilões e heróis", com um realismo inédito.

O programa preparou o diretor para seu grande projeto, o longa-metragem "Cidade de Deus" (2002), com o qual conquistou Hollywood e o mundo.

Depois do filme, veio a série "Cidade dos Homens", que terminou no ano passado após quatro temporadas na Globo e será transformada em um longa-metragem em 2007.

"Antônia" também é fruto desse "casamento" cinema/TV. Tudo começou quando a diretora Tata Amaral apresentou seu longa homônimo à produtora de Meirelles. "Quando vimos, pensamos: 'Isso dá uma série de TV'", conta o cineasta.

A Globo aprovou. Os cinco episódios, filmados posteriormente, são a continuação do que se passa no longa-metragem, que, no entanto, estréia apenas em fevereiro, após a veiculação do seriado. Ou seja, o filme, premiado na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, pode ser considerado o primeiro capítulo da série.

"E espero que os telespectadores sejam convertidos em espectadores do longa-metragem", torce Tata Amaral.

TV + cinema

"Há muito tempo pensávamos que daria certo traçar esse caminho TV/cinema/TV/cinema", afirma Meirelles.

Para o cineasta, esse casamento, resultado da abertura da televisão às produções independentes, seria viável em outras emissoras, além da Globo. "Na verdade, 'Antônia' nem é um produto caro", diz.

Quanto custou? "Ah, a Globo, por contrato, não deixa a gente divulgar os valores", explica.

A parceria entre a produtora de Meirelles e a emissora, válida por cinco anos, vencerá em 2007, mas deverá ser renovada, especialmente se "Antônia" atingir a meta de audiência e, conseqüentemente, ganhar uma segunda temporada.

"Cidade dos Homens" girava em torno dos 28 pontos no Ibope, o que supera a média desse horário da sexta à noite, pós-"Globo Repórter". Se "Antônia" ultrapassar os 20 (1,1 milhão de domicílios na Grande SP), já será um produto bem-sucedido.

As quatro protagonistas, inexperientes na dramaturgia, dão conta do recado, principalmente quando o papo é entre elas, cheio de gírias, solto do roteiro. A melhor é Leilah Moreno (Barbarah), apesar de Negra Li (Preta) ser a narradora.

Outro destaque é o rapper Thaíde, no papel do cômico Diamante, empresário do grupo. Os episódios --todos filmados em película, como no cinema-- têm ainda participação de Thobias da Vai Vai e Sandra de Sá, como os pais de Preta.

Na vida real

A Globo e a produtora O2 querem que o grupo Antônia seja formado também na vida real. Fernando Meirelles é grande entusiasta da idéia, e a Globo já propôs que elas se apresentem juntas no especial de fim de ano. Mas as quatro resistem. Negra Li, Leilah Moreno, Cindy Mendes e Quelynah dizem preferir a carreira solo. As canções de "Antônia" foram compostas e gravadas por elas para a série.

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