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23/11/2006 - 10h01

João Moreira Salles lança documentário "Santiago"

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AMIR LABAKI
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Amsterdã

Depois de 14 anos de elaboração, o mais pessoal documentário de João Moreira Salles, "Santiago", tem lançamento mundial amanhã dentro da mostra informativa "Mestres" do Festival Internacional de Documentários de Amsterdã.

O principal evento do mundo dedicado à produção não-ficcional começa na noite de hoje com a projeção do documentário holandês "Quatro Elementos", de Jiska Rickels.

Complexo, original e reflexivo, "Santiago" pode ser definido como um documentário sobre um filme inacabado. Em 1992, estreando como cineasta, João Moreira Salles rodou um retrato de Santiago, o mordomo aposentado da família Moreira Salles no Rio de Janeiro. Insatisfeito com o material registrado, deixou-o de lado.

Infância

Uma década e alguns clássicos depois ("Notícias de uma Guerra Particular"; "Nelson Freire"; "Entreatos"), João voltou a se debruçar sobre os sons e imagens que captara num mergulho em sua própria infância. Convidou para estudar as novas possibilidades de montagem do material ninguém menos que Eduardo Escorel, cineasta, montador e coordenador do curso de pós-graduação em documentário da Fundação Getúlio Vargas.

A parceira com Escorel estabelece uma ponte invisível entre "Santiago" e outro documentário por ele montado: "Cabra Marcado para Morrer", de Eduardo Coutinho. "Cabra" trata de um filme interrompido pela história. "Santiago", de um documentário interrompido pela insatisfação. Um filme inacabado por razões públicas. Outro, por motivos eminentemente privados.

Passado e presente

"Santiago" é tanto autobiográfico quanto autocrítico. Ao mesmo tempo que revisita o passado familiar de João Moreira Salles, o filme discute as alternativas, desafios e limitações do material por ele registrado como cineasta iniciante.

Mais que um documentário que problematiza um projeto antigo ou o presente, "Santiago" reflete sobre o processo que une dois filmes --o passado, inacabado, e o atual, que critica, nega e remodela o primeiro.

O novo documentário de João Moreira Salles será exibido fora de concurso dentro de uma nova seção reservada a obras inéditas de grandes nomes do documentário contemporâneo. A seu lado, entre outros, o americano Spike Lee, os russos Alexander Sokúrov e Marina Goldovskaya e os britânicos Nick Broomfield, Leslie Woodhead e Michael Apted.

Além de "Santiago", quatro outros documentários brasileiros participam do IDFA-2006. Dois foram selecionados para a competição de médias-metragens. São "Diário de Naná", de Paschoal Samora, e "Meu Primeiro Contato", de Mari Correa da Silva Rimaud e Kumaré Ikpeng.

O curta "Saba", de Gregório Graziosi e Thereza Menezes, está na mostra "Paradocs" de obras experimentais, enquanto o curta "Maré Capoeira", de Paola Barreto Leblanc, passa no ciclo de documentários para crianças.

Dezoito documentários internacionais concorrem ao Prêmio Joris Ivens de melhor longa-metragem. Desembarcam aqui com forte repercussão em seus países de origem títulos como o americano "Jesus Camp", de Heidi Ewing e Rachel Grady, e o sueco "O Planeta", de Johan Soderberg, Michael Stenberg e Linus Torell.

Mostras especiais destacam a atual produção chinesa e o cinema intimista do americano Alain Berliner, além do tradicional foco na produção holandesa e de outras seções regulares, totalizando um programa de mais de 250 títulos. A 19ª edição da "Cannes do documentário" será encerrada no dia 3 de dezembro.

O articulista AMIR LABAKI está em Amsterdã como membro do "board" do festival.

Especial
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