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29/11/2006 - 15h35

Itália prepara homenagens para 10 anos de morte de Marcello Mastroianni

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DANIELA SIMONETTI
da Ansa, em Roma

A Itália lembra e prepara homenagens para o aniversário de dez anos da morte de Marcello Matroianni, que morreu em 19 de dezembro de 1996 em Paris. Estão previstos mostras e retrospectivas em cinemas italianos, lançamentos em DVD e programação especial em canais de televisão.

Para muitos, ele era simplesmente Marcello, para Fellini era "Snaporaz", para todos é muito mais que um ator, uma estrela do cinema mundial, não só o italiano. Um rosto único, com traços marcados pela doçura, o fascínio e o carisma de um homem que, apesar de ser uma estrela, era ainda tímido.

Dirigido pelos maiores cineastas de todos os tempos em cerca de 150 filmes, Mastroianni foi acima de tudo alter ego de Federico Fellini e, se existe um ano que mudou radicalmente o destino de Marcello, foi certamente 1960, o ano em que fez "La Dolce Vita".

O filme é tido como a obra prima de Fellini, que escreveu o roteiro com Ennio Flaiano e Tullio Pinelli, e traz Marcello na pele do jornalista Marcello Rubini.

Programação

A Itália se prepara para homenageá-lo trazendo seus filmes de volta ao cinema: no dia 19 de dezembro a Casa del Cinema apresenta "L'Armata Ritorna" de Luciano Tovoli. Mastroianni contracena com Michel Piccoli e Anouk Aimée, que também atuou com Marcello em "La Dolce Vita". É um dos poucos filmes não projetados durante a retrospectiva dedicada ao ator durante o Festival de Cinema de Roma deste ano.

Chega também aos cinemas o documentário sobre Mastroianni de Mario Canale, apresentado no último festival de Cannes. Com músicas de Armando Trovaioli e narração de Sergio Castellitto, o trabalho minucioso reúne entrevistas de Mastroianni e depoimentos de suas filhas Barbara e Chiara e atores e diretores que o conheceram.

As falas são intercaladas entre cenas célebres de seus filmes, imagens dos bastidores e trechos de um velho documentário, feito por Antonello Branca em 1965, quando Mastroianni vivia o auge de seu sucesso. O documentário será lançado em DVD no Natal.

A televisão também planeja uma programação especial em homenagem a Mastroianni. O canal Cinema Classics dedica à memória do ator um ciclo de nove filmes, com exibições às terças, 5, 12 e 19 de dezembro. Estão na programação os sucessos: "Os Eternos Desconhecidos", "La Dolce Vita", "Um Dia Muito Especial" e "Matrimônio à Italiana".

São mostras, exibições especiais e depoimentos que tentam relembrar um ator que deixou uma marca profunda na história do cinema e que parecia levar a vida com absoluta leveza.

Vida pessoal

Numa frase que disse à colega de elenco Eleonora Giorgi, cansada depois de um dia de gravações do filme "Oltre la Porta" de 1982, Mastroianni resumiu sua profissão: "Não reclame. Você não sabe que fazemos o trabalho mais belo do mundo? Pensa, somos pagos para brincar!".

A carreira, a paixão pela comida, um relacionamento paranóico com o telefone, o vício em cigarros e a obsessão por mulheres geraram lendas, anedotas, histórias e fofocas que o acompanharam a vida toda. E, se existe uma única cena protagonizada por ele que deve ser lembrada, é a seqüência de "Ontem, Hoje e Amanhã" (filme de 1963 de Vittorio de Sica, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro), em que assiste "uivando" ao strip tease de Sofia Loren, seu par romântico por excelência.

A cena foi reproduzida com Marcello e Sofia 30 anos depois pelo cineasta Robert Altman. Sofia, logo após a morte de Altman, que morreu em 20 de novembro deste ano de complicações com um tumor, revelou que tinha receio de gravar novamente a cena célebre, mas que foi convencida por Marcello.

Na verdade, Mastroianni se casou em 1950, aos 26 anos de idade, com a atriz Flora Carabella, de quem nunca se divorciou por escolha dele. Em 1968, em Cortina, no norte da Itália, Marcello teve um romance turbulento com a atriz norte-americana Faye Dunaway durante as filmagens do filme "Amanti" de Vittorio de Sica. A história terminou dois anos depois, quando ela decidiu deixá-lo.

O ator viveu depois outra grande história de amor com a atriz francesa Catherine Deneuve, que durou até 1974. Marcello teve uma filha com Flora, Barbara. De seu namoro com Catherine, nasceu Chiara. Mas foi a cineasta Anna Maria Tatò a mulher que o acompanhou nos últimos anos de sua vida e que o homenageou com um documentário lançado em 1996, logo após a morte do ator.

Mastroianni, premiado duas vezes com a Coppa Volpi, troféu da Mostra de Cinema de Veneza, nunca venceu um Oscar, apesar do sucesso do cinema italiano no exterior nos anos de ouro de sua carreira. Em 1990, a mostra de Veneza homenageou o ator com um prêmio pelo conjunto da obra.

Um ano depois da morte de Marcello, o diretor da Mostra de Cinema de Veneza, Felice Laudadio, criou o Prêmio Mastroianni, dedicado a interpretações masculinas. Mesmo que o prêmio leve seu nome, ainda é difícil imaginar outro ator que tenha o mesmo fascínio, ar irresistível e a imponderável magia únicos a ele.

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