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07/12/2006 - 10h55

Orhan Pamuk festeja seu Nobel em nome da literatura

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FRANCIS KOHN
da France Presse, em Estocolmo

O romancista turco Orhan Pamuk, que receberá no domingo o Prêmio Nobel de Literatura em Estocolmo, está encantado com a homenagem. Mas diz que, antes de tudo, quer continuar sendo um escritor e não um orador ou uma ponte entre culturas.

"Sou muito agradecido por esta honra, ela me orgulha, mas estou decidido a conservar a vida que levo, a intensidade da minha vida de romancista", declarou o escritor nesta quarta-feira, durante uma coletiva de imprensa em Estocolmo.

Pamuk, 54, que chegou acompanhado de sua filha na terça-feira à noite na Suécia, fará amanhã um solene discurso na Academia sueca. No domingo, receberá o prêmio das mãos do rei da Suécia e, depois, vestirá um fraque para assistir ao jantar de gala na prefeitura de Estocolmo.

O autor de "Neve", "A vida nova" e "Os jardins da memória" se define, acima de tudo, como um escritor. "Não gosto desta imagem (...) de ser uma ponte" entre as culturas ocidental e muçulmana. "Não escrevo ficção para explicar, por motivos utilitários. Não é o que me estimula a fazê-lo", disse, ressaltando que não é um escritor fechado em sua torre de marfim. "A literatura não é poder. A literatura é para compreender o fato de estar vivo, contar com palavras o prazer de ver e ser", continuou.

Com bastante senso de humor, Pamuk dedicou sua entrevista à literatura, fugindo das questões mais políticas. Um jornalista lembrou que Knut Hamsun, um escritor norueguês pró-nazismo apreciado por Pamuk durante sua juventude, dedicou sua medalha do Nobel a Joseph Goebbels, chefe da propaganda do Terceiro Reich. "Vou dar para minha filha", respondeu Pamuk, causando risos na platéia.

Sua única menção sobre política foi para expressar sua tristeza com o estado das relações entre Turquia e a União Européia (UE). "Infelizmente, já há uns dois anos, o entusiasmo (com a eventual entrada da Turquia na UE) desaparece entre a Europa e a Turquia", comentou, declarando-se favorável à adesão de seu país ao bloco. Seria bom para a Europa, para Turquia e para "o mundo inteiro, porque mostraria que não há choque de civilizações, mas uma harmonia entre civilizações", disse.

Voltando à literatura, Pamuk confessou que, diante de uma página em branco, sempre põe em dúvida seus dotes de escritor. "Me atormenta, me aterroriza", quando penso nos escritores com os quais, "de alguma maneira, eu concorro".

O Nobel não é um peso para ele. "Traz consigo muitos poucos perigos e muitos benefícios. Eu disse que o prêmio não mudará minha vida, mas pode mudar minhas condições financeiras."

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