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21/11/2000
-
04h41
JOSÉ GERALDO COUTO, da Folha de S.Paulo
O Festival de Cinema de Brasília chega à sua 33ª edição enxuto, politizado e rico.
Enxuto porque a competição deste ano, que começa amanhã (leia programação nesta página), terá apenas seis longas-metragens, ou seja, metade dos concorrentes do ano passado.
Os curtas em 35 milímetros são 12, como em 99, enquanto na bitola 16 mm a festa continua: há 29 títulos em competição, entre curtas, médias e longas.
Politizado o festival sempre foi -tanto que ficou proibido pelo regime militar entre 1972 e 1974- , mas este ano já começa "quente", com a exibição, esta noite, fora de competição, do documentário "Barra 68", de Vladimir Carvalho, sobre a invasão da Universidade de Brasília (UnB) pelo Exército em 1968.
"O Festival de Brasília sempre foi um festival de discussão, de polêmica. E a invasão da UnB foi um evento que marcou muito a história da cidade e do país", disse à Folha a diretora do festival e secretária de Cultura do Distrito Federal, Maria Luiza Dornas, justificando a escolha.
Mas, para os concorrentes, a melhor notícia é o incremento dos prêmios em dinheiro. Serão destinados, ao todo, R$ 167 mil aos premiados da competição oficial, valor recorde em festivais nacionais.
O melhor longa, por exemplo, receberá R$ 50 mil. O melhor curta em 35 mm, R$ 15 mil. Todo esse dinheiro vem do Banco do Brasil, patrocinador do evento.
Paralelamente à competição principal, ocorrerá uma mostra do cinema brasiliense, com R$ 65 mil em prêmios, concedidos pela Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Variedade
A variedade de temas, gêneros e linguagens marca os seis longas concorrentes.
Há desde um filme histórico como "Brava Gente Brasileira" até um ensaio poético-musical sobre três dias na vida de um instrumentista ("Tônica Dominante"), passando por um documentário sobre religião ("O Chamado de Deus") e um drama intimista vivido por um casal nos confins do Mato Grosso ("Latitude Zero").
A julgar pelas reações do público nas sessões em que foi exibido, "Bicho de 7 Cabeças", de Laís Bodanzky, é desde já um dos favoritos para o prêmio do júri popular. O filme dramatiza a história real de um jovem internado num manicômio por causa de um cigarro de maconha.
Pela primeira vez na competição dos longas, o número de diretoras iguala o de diretores: três de cada lado.
Do mesmo modo, há três cineastas veteranos (José Joffily, José Antonio Garcia e Lúcia Murat) e três novatos (Lina Chamie, Laís Bodanzky e Toni Venturi).
Entre os eventos paralelos à mostra competitiva, estão programadas uma exposição em homenagem à atriz Dina Sfat e uma oficina de direção cinematográfica a ser ministrada pelo cineasta argentino Fernando
Solanas.
Luiza Dornas garante que a festa de premiação será "comportada e formal" para evitar o que ocorreu na edição passada, quando os profissionais contratados para a entrega dos prêmios optaram por fazer uma "performance" que irritou jurados e artistas.
Neste ano, o júri oficial é composto pelos cineastas Rogério Sganzerla, Suzana Amaral, Eliane Caffé, José Eduardo Belmonte e Betsy de Paula, pela atriz Maria Lúcia Dahl e pelo crítico Wilson Cunha, diretor de programação do Canal Brasil.
Festival de Brasília chega enxuto aos 33
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O Festival de Cinema de Brasília chega à sua 33ª edição enxuto, politizado e rico.
Enxuto porque a competição deste ano, que começa amanhã (leia programação nesta página), terá apenas seis longas-metragens, ou seja, metade dos concorrentes do ano passado.
Os curtas em 35 milímetros são 12, como em 99, enquanto na bitola 16 mm a festa continua: há 29 títulos em competição, entre curtas, médias e longas.
Politizado o festival sempre foi -tanto que ficou proibido pelo regime militar entre 1972 e 1974- , mas este ano já começa "quente", com a exibição, esta noite, fora de competição, do documentário "Barra 68", de Vladimir Carvalho, sobre a invasão da Universidade de Brasília (UnB) pelo Exército em 1968.
"O Festival de Brasília sempre foi um festival de discussão, de polêmica. E a invasão da UnB foi um evento que marcou muito a história da cidade e do país", disse à Folha a diretora do festival e secretária de Cultura do Distrito Federal, Maria Luiza Dornas, justificando a escolha.
Mas, para os concorrentes, a melhor notícia é o incremento dos prêmios em dinheiro. Serão destinados, ao todo, R$ 167 mil aos premiados da competição oficial, valor recorde em festivais nacionais.
O melhor longa, por exemplo, receberá R$ 50 mil. O melhor curta em 35 mm, R$ 15 mil. Todo esse dinheiro vem do Banco do Brasil, patrocinador do evento.
Paralelamente à competição principal, ocorrerá uma mostra do cinema brasiliense, com R$ 65 mil em prêmios, concedidos pela Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Variedade
A variedade de temas, gêneros e linguagens marca os seis longas concorrentes.
Há desde um filme histórico como "Brava Gente Brasileira" até um ensaio poético-musical sobre três dias na vida de um instrumentista ("Tônica Dominante"), passando por um documentário sobre religião ("O Chamado de Deus") e um drama intimista vivido por um casal nos confins do Mato Grosso ("Latitude Zero").
A julgar pelas reações do público nas sessões em que foi exibido, "Bicho de 7 Cabeças", de Laís Bodanzky, é desde já um dos favoritos para o prêmio do júri popular. O filme dramatiza a história real de um jovem internado num manicômio por causa de um cigarro de maconha.
Pela primeira vez na competição dos longas, o número de diretoras iguala o de diretores: três de cada lado.
Do mesmo modo, há três cineastas veteranos (José Joffily, José Antonio Garcia e Lúcia Murat) e três novatos (Lina Chamie, Laís Bodanzky e Toni Venturi).
Entre os eventos paralelos à mostra competitiva, estão programadas uma exposição em homenagem à atriz Dina Sfat e uma oficina de direção cinematográfica a ser ministrada pelo cineasta argentino Fernando
Solanas.
Luiza Dornas garante que a festa de premiação será "comportada e formal" para evitar o que ocorreu na edição passada, quando os profissionais contratados para a entrega dos prêmios optaram por fazer uma "performance" que irritou jurados e artistas.
Neste ano, o júri oficial é composto pelos cineastas Rogério Sganzerla, Suzana Amaral, Eliane Caffé, José Eduardo Belmonte e Betsy de Paula, pela atriz Maria Lúcia Dahl e pelo crítico Wilson Cunha, diretor de programação do Canal Brasil.
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