Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/01/2007 - 08h00

"Diamante de Sangue" vale pela aula e por um espetacular DiCaprio

Publicidade

RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online

Após uma sucessão de chacinas de famílias inteiras por milícias africanas, amputações de braços de supostos inimigos a sangue frio, assassinatos brutais de crianças e mulheres e uma seqüência de horror de trabalho escravo, um personagem do filme "Diamante de Sangue" observa:

"Tomara que nunca encontrem petróleo aqui. Aí, sim, teríamos problemas".

O que parece sarcasmo nestes tempos da dinastia Bush é absoluto realismo nas quase 2h20 desse filme de Edward Zwick, que estréia nos cinemas do país nesta sexta-feira, e que trata de contrabando de minérios e da guerra civil em Serra Leoa
--um dos países mais miseráveis e violentos do mundo.

Divulgação
Leonardo DiCaprio e Djimon Hounsou em "Diamante de Sangue"
Leonardo DiCaprio e Djimon Hounsou em "Diamante de Sangue"
O inferno é freqüentado por: 1) bandidos como Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um paramilitar branco de Zimbábue preocupado em tirar diamantes do continente e enviá-los para a "segurança" do mercado europeu; 2) uma população dividida e ignorante sobre o porquê de estar sendo morta tanto por forças do governo como por rebeldes; 3) jornalistas idealistas como a linda Maddy Bowen (Jennifer Connelly); 4) o paupérrimo civil Solomon Vandy (Djimon Hounsou, em performance espetacular), cujo filho --você verá-- será outro personagem importantíssimo na trama.

A verdade é que há dezenas de filmes que abordam a miséria na África. Como o continente é praticamente sinônimo de desgraça, esses filmes procuram tratar tudo com alguma sensibilidade e visão humanista e crítica. "Hotel Ruanda", por exemplo; ou "Lugar Nenhum na África" (Nirgendwo in Afrika). Ou ainda "Amor sem Fronteiras" (Beyond Borders, com Angelina Jolie e Clive Owen) e "Lágrimas do Sol" (Tears of the Sun, com Bruce Willys)
--esses dois últimos subestimadíssimos pelos críticos, e de forma injusta.

Mas nada chega aos pés da crueza que Edward Zwick apresenta em "Diamante de Sangue". Não só pela direção onipresente em cada cena, nos detalhes de cada seqüência impressionante de ataques à la "Platoon" (em versão terceiro mundista), mas também pela capacidade do diretor em transportar para a tela, de forma quase didática, como funciona um mecanismo de exploração e sua função na carnificina de um país. Fatos que ocorrem todos os dias em várias partes daquele continente.

Claro que há vazios, alguma prolixidade, ilusionismo e um desfecho mistificador. Mesmo assim é saudável que a cultura cinematográfica hollywoodiana de vez em quando se lembre do horror que habita o outro lado do mundo. Por fim, há mais um detalhe que faz desse filme algo quase obrigatório: a atuação de Leonardo DiCaprio. Tão correta, tão minuciosa e tão bem construída que certamente (aposta feita aqui) vai lhe render seu primeiro Oscar de Melhor Ator, em março.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Leonardo DiCaprio
  • Leia o que já foi publicado sobre o Oscar
  • Leia o que já foi publicado sobre Diamante de Sangue
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página