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17/01/2007
-
09h10
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo
O brasileiro foi menos ao cinema em 2006 --e esse é o único dado sobre o qual o mercado está de pleno acordo. Sobre o tamanho exato da queda de público e as razões por que ocorreu há quase só divergências.
A diminuição em relação a 2005 foi de 3% no público, segundo o portal voltado ao mercado de cinema Filme B, e de 4,9%, para o Sindicato dos Distribuidores do Rio de Janeiro --nas duas contagens o público é pouco superior a 90 milhões.
A diferença nos percentuais surge na soma dos números das 11 distribuidoras não filiadas ao sindicato. O Filme B faz apuração própria dessas informações; o sindicato calcula o total com auxílio do instituto Nielsen. O certo é que o público caiu, em dissonância com a maioria dos países, onde as bilheterias se recuperam.
O exibidor Luiz Severiano Ribeiro, que possui 196 salas, diz que "os distribuidores estão conservadores", lançando filmes com poucas cópias, o que deixa os cinemas "carentes".
Como exemplo, Ribeiro cita a estréia de "Babel", prevista para a próxima sexta. "O grande favorito ao Oscar vai ser lançado com 50 cópias", afirma.
Jorge Peregrino, executivo da Paramount, que lança "Babel", reage: "Obrigado pelo "favorito", mas serão ao menos 70 cópias, e cada filme tem um tamanho próprio [de lançamento]. Conservador é o circuito exibidor, que não se expande."
De fato, em 2006, pela primeira vez em sete anos, o número de salas de cinema no Brasil diminuiu em vez de aumentar. A expansão foi exclusivamente em shoppings, segundo a Agência Nacional do Cinema, que registrou até setembro, o fechamento de 30 salas em locais variados e a abertura de 40 --todas em shoppings.
Para Peregrino, "está claro que aí é que está o problema. O mercado não vai crescer, se não se capilarizar". Ribeiro concorda que é preciso expandir o circuito exibidor no Brasil, mas aponta a necessidade de "uma política de coerência para a exibição, tratando da cota de tela e de outras preocupações".
Os exibidores (em geral, e não só Ribeiro) reclamam que, no tripé do cinema --produção, distribuição e exibição--, os dois primeiros vértices são beneficiados com incentivos fiscais, enquanto as salas de cinema ficam apenas com ônus --como o da exibição obrigatória de filmes brasileiros (cota de tela) e a meia-entrada, que se expandiu exponencialmente nos últimos cinco anos.
A concentração das salas brasileiras em shoppings de regiões de alto poder aquisitivo tem reflexo também no aumento do preço médio do ingresso (de 7% de 2005 para 2006) e explica o fato de a renda haver aumentado (3,2%, segundo o Filme B), embora o público tenha caído.
Ou seja, "não é que o cinema encareceu 7%, é que foram abertas salas em regiões elitizadas, e fechadas, em áreas populares", como afirma Ribeiro.
Tudo somado, Paulo Sérgio Almeida, editor do Filme B, diz que "há algo estranho, que ninguém ainda conseguiu identificar" no fenômeno brasileiro.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre bilheterias de cinema
Queda de público nos cinemas do Brasil provoca racha no mercado
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da Folha de S.Paulo
O brasileiro foi menos ao cinema em 2006 --e esse é o único dado sobre o qual o mercado está de pleno acordo. Sobre o tamanho exato da queda de público e as razões por que ocorreu há quase só divergências.
A diminuição em relação a 2005 foi de 3% no público, segundo o portal voltado ao mercado de cinema Filme B, e de 4,9%, para o Sindicato dos Distribuidores do Rio de Janeiro --nas duas contagens o público é pouco superior a 90 milhões.
A diferença nos percentuais surge na soma dos números das 11 distribuidoras não filiadas ao sindicato. O Filme B faz apuração própria dessas informações; o sindicato calcula o total com auxílio do instituto Nielsen. O certo é que o público caiu, em dissonância com a maioria dos países, onde as bilheterias se recuperam.
O exibidor Luiz Severiano Ribeiro, que possui 196 salas, diz que "os distribuidores estão conservadores", lançando filmes com poucas cópias, o que deixa os cinemas "carentes".
Como exemplo, Ribeiro cita a estréia de "Babel", prevista para a próxima sexta. "O grande favorito ao Oscar vai ser lançado com 50 cópias", afirma.
Jorge Peregrino, executivo da Paramount, que lança "Babel", reage: "Obrigado pelo "favorito", mas serão ao menos 70 cópias, e cada filme tem um tamanho próprio [de lançamento]. Conservador é o circuito exibidor, que não se expande."
De fato, em 2006, pela primeira vez em sete anos, o número de salas de cinema no Brasil diminuiu em vez de aumentar. A expansão foi exclusivamente em shoppings, segundo a Agência Nacional do Cinema, que registrou até setembro, o fechamento de 30 salas em locais variados e a abertura de 40 --todas em shoppings.
Para Peregrino, "está claro que aí é que está o problema. O mercado não vai crescer, se não se capilarizar". Ribeiro concorda que é preciso expandir o circuito exibidor no Brasil, mas aponta a necessidade de "uma política de coerência para a exibição, tratando da cota de tela e de outras preocupações".
Os exibidores (em geral, e não só Ribeiro) reclamam que, no tripé do cinema --produção, distribuição e exibição--, os dois primeiros vértices são beneficiados com incentivos fiscais, enquanto as salas de cinema ficam apenas com ônus --como o da exibição obrigatória de filmes brasileiros (cota de tela) e a meia-entrada, que se expandiu exponencialmente nos últimos cinco anos.
A concentração das salas brasileiras em shoppings de regiões de alto poder aquisitivo tem reflexo também no aumento do preço médio do ingresso (de 7% de 2005 para 2006) e explica o fato de a renda haver aumentado (3,2%, segundo o Filme B), embora o público tenha caído.
Ou seja, "não é que o cinema encareceu 7%, é que foram abertas salas em regiões elitizadas, e fechadas, em áreas populares", como afirma Ribeiro.
Tudo somado, Paulo Sérgio Almeida, editor do Filme B, diz que "há algo estranho, que ninguém ainda conseguiu identificar" no fenômeno brasileiro.
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