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29/01/2007 - 09h49

Fixação de Poe pela mãe morta inspira romance

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EDUARDO SIMÕES
da Folha de S.Paulo

Lançado no ano passado, "O Pálido Olho Azul", do escritor americano Louis Bayard, apropria-se ficcionalmente da adolescência de Poe, resulta de uma pesquisa de nove meses, e, segundo crítica do jornal "The New York Times", soa como "um clássico perdido".

Na mistura de biografia e ficção, Poe é um cadete em West Point, academia militar nos EUA, que ajuda o detetive Augustus Landor a investigar o assassinato, por enforcamento, de outro jovem cadete, encontrado sem o coração.

No romance de Bayard, é a fixação pela mãe morta -Poe ouve sua mãe sussurrar os versos "À donzela com o pálido olho azul, ao demônio com o pálido olho azul"- e o modo como ele confunde as fronteiras entre os vivos e os mortos, que refletem o que o autor chama de "estranheza" na obra de Poe.

"Parte da diversão foi plantar as sementes para os trabalhos que Poe viria a escrever. O título, por exemplo, vem de "O Coração Delator". E o desaparecimento do coração do cadete poderia ser uma espécie de pista para a inspiração que ele teve ao escrever aquela história. Há também alusões a "Assassinatos na Rua Morgue", "Annabel Lee", "Ligeia" e "The Fall of the House of Usher'", diz Bayard em entrevista à Folha.

O "New York Times" também observou que Bayard, autor de dois romances que descrevem a vida gay em Washington ("Endangered Stories" e "Fool's Errand"), empresta tintas românticas à relação entre Poe e Landor. Os dois personagens compartilham uma inclinação pelo álcool e, numa passagem, Poe faz Landor ruborizar ao dizer que seu tutor "não é tão velho". Bayard assume que a relação dos dois "forma o núcleo emocional" da história.

Mas é Poe o espírito que guia sua narrativa.

"Poe personificou muito da obscuridade que se vê em seus poemas e contos. Ele perdeu seus pais muito cedo, perdeu um irmão e depois a mulher.

Praticamente toda sua vida adulta foi vivida na pobreza.

Ele bebia muito, brigava e fazia inimigos", comenta o autor. "Ainda assim, deste imenso caos interno, foi capaz de criar um notável corpo de trabalho. Poe é um fascinante amontoado de contradições."

Obsessão

Ainda sem título em português, "The Poe Shadow" foi escrito pelo americano Matthew Pearl, autor de "O Clube Dante", e também lançado no ano passado. Dos três livros, foi aquele recebido com menos entusiasmo pela crítica, um pouco por conta de uma jogada de marketing: a capa contém uma "benção" de Dan Brown, dizendo que Pearl é "a nova estrela da ficção literária".

Aqui, Poe é o fantasma que assombra a vida do jovem Quentin Clark, advogado de Baltimore, admirador do escritor americano, que se volta contra a opinião pública, a imprensa, a família e até os amigos de Poe, quando, após sua morte, nada resta além de uma reputação de escritor de segunda categoria e de bêbado.

Um dos objetivos de Clark é descobrir a verdadeira identidade do detetive C. Auguste Dupin, personagem de "Assassinatos na Rua Morgue". Uma resenha do jornal inglês "The Guardian" diz que Pearl tenta, sem muito sucesso, soluções tão geniais quanto as que Poe deu aos assassinatos daquele livro. Mas que "The Poe Shadow" merece, ao contrário de "O Código Da Vinci", uma segunda olhada.

O MENINO AMERICANO
Autor: Andrew Taylor
Tradução: Fabiano Morais
Editora: Suma de Letras
Quanto: R$ 54,90 (504 págs.)

O PÁLIDO OLHO AZUL
Autor: Louis Bayard
Tradução: Lea P. Zylberlicht
Editora: Planeta
Quanto: R$ 39,90 (432 págs.)

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