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23/11/2000 - 04h47

"O Aleijadinho" estréia 50 anos atrasado

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PAULO PEIXOTO, da Agência Folha, em Belo Horizonte

Com quase meio século de atraso, o filme "O Aleijadinho", do cineasta mineiro Geraldo dos Santos Pereira, 75, foi mostrado na noite de anteontem para convidados em Belo Horizonte. A pré-estréia foi no cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes, mas o filme só deve entrar em circuito nacional em março de 2001.

O projeto de "O Aleijadinho" foi concebido no início dos anos 50, quando
o cineasta e seu irmão, Renato, prepararam o roteiro encomendado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, o mais famoso estúdio brasileiro, onde eram assistentes de direção.

Os irmãos Santos Pereira ficaram dois meses em Ouro Preto, onde o escultor e arquiteto Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), considerado o mais importante artista do barroco brasileiro, viveu a maior parte de sua vida. Quando retornaram a São Paulo, tiveram uma desagradável surpresa: o estúdio falira.

"Foi uma coisa terrível. Era um filme para 1954. Em 1995, com a lei do audiovisual, conseguimos retomar esse projeto, que era o sonho do meu irmão, mas, infelizmente, ele morreu (em abril de 1999)", disse Geraldo.
"O Aleijadinho" seria o longa de estréia dos gêmeos Santos Pereira, que se formaram em cinema pelo prestigiado Idhec (Institute des Hautes Études Cinématographiques), de Paris.

Com orçamento de R$ 2,42 milhões, as filmagens foram feitas de agosto a outubro de 99 nas cidades históricas de Ouro Preto, Mariana e Congonhas do Campo. O artista é interpretado por Maurício Gonçalves.

Até então, tinham sido filmadas no Brasil duas obras sobre Antônio Francisco Lisboa. Em ambas, Aleijadinho, filho de uma escrava e de um português, era vivido por um ator branco. Em "Cristo de Lama (A História
do Aleijadinho)", filme de 68 de Wilson Silva, o artista era interpretado por Geraldo del Rey, branco e de olhos claros. Em especial da TV Globo, na década de 70, o ator escolhido foi Stênio Garcia.

A história de Aleijadinho é narrada em "flashback", a partir do depoimento de Joana Lopes (nora do artista, interpretada por Ruth de Souza, que cuidou dele em sua doença) ao historiador Rodrigo Bretas, no século passado.

Além de mostrar a sua vida e o convívio com artistas e intelectuais da época, o filme relata o envolvimento amoroso de Aleijadinho com a mestiça Narcisa, que no filme é Helena, com quem teve um filho. Helena é interpretada por Maria Ceiça. O ator Carlos Vereza interpreta o poeta e inconfidente Cláudio Manoel da Costa e Edwin Luisi faz o pai do artista.

O filme, segundo o diretor, não é um documentário. É fiel à história, mas mistura alguma ficção, um recurso usado pelo cineasta para dar desfecho ao papel de alguns personagens, o que os registros históricos
não fizeram, como no caso de Narcisa/Helena.

O diretor quer levar o filme às principais cidades mineiras antes de ele
entrar em circuito nacional. Está prevista uma exibição na praça Tiradentes, em Ouro Preto, ainda sem data marcada.
 

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