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23/11/2000 - 04h50

Brasileira disputa Amsterdã com filme holandês

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AMIR LABAKI, da Folha de S.Paulo

Uma curiosa inversão marca a participação brasileira no Festival Internacional de Documentários de Amsterdã (Holanda). A cineasta brasileira Maria Augusta Ramos, radicada há quase uma década na Holanda, concorre à competição principal com "Desi", uma produção holandesa sobre uma menina de família conturbada. O único concorrente brasileiro, "Os Carvoeiros", é dirigido pelo britânico Nigel Noble.

De hoje até o próximo dia 30, o "planeta documentário" gira em torno de Amsterdã. Considerado a Cannes do cinema não-ficcional, o evento se divide no festival propriamente dito (IDFA, para os íntimos), um
disputado mercado e um fórum para novos projetos.

Revelada há cinco anos por "Brasília, um Dia em Fevereiro", exibido só em mostras no Brasil, Maria Augusta participa pela primeira vez da mostra competitiva. Leia abaixo trechos de sua entrevista por e-mail para a Folha.

Folha - Na Holanda, você trocou a música pelo documentário. Como isso se deu?
Maria Augusta Ramos -
Quando me mudei para a Holanda, estava meio desiludida com a idéia de uma futura vida acadêmica. Tinha acabado o mestrado em música em Londres e estava pensando em seguir para um doutorado. Também estava morando em um país novo, de língua nova, e sentia que não tinha muito a perder. Resolvi arriscar. Entrei na Academia Holandesa de Cinema para fazer o curso de direção de documentários, há quase nove anos. O curso me proporcionou realizar os meus primeiros filmes com uma equipe e um pequeno orçamento. Na Holanda, descobri os filmes de Robert Bresson, Chantal Akerman e Johan van der Keuken, que me influenciaram muito.

Folha - De que trata "Desi"?
Maria Augusta -
Desi é uma menina de 11 anos como outra qualquer. Ela vai para a escola todo dia, ouve os CDs da moda, fofoca com as amiguinhas e briga com os meninos na hora do recreio. Mas, na hora da saída, depois que todas as outras crianças foram para casa com os pais, ela se senta na rua em frente à escola, tira o seu celular da mochila e telefona para o pai, que, como sempre, se esqueceu de aparecer. A mãe de Desi se suicidou quando ela tinha 18 meses. O filme é uma história de sobrevivência. Como uma criança se adapta ao meio familiar e social em que vive para sobreviver.

Folha - Como você o produziu?
Maria Augusta -
Na Holanda, existem duas instituições governamentais que dão dinheiro para cinema e vídeo. A maior parte da produção nacional é feita com a colaboração de um canal de televisão público. "Desi" é uma co-producão da Pieter van Huystee Film and TV com a VPRO, um canal de televisão holandês.

Folha - O que aconteceu com seu projeto no Nordeste brasileiro?
Maria Augusta -
Quando escrevi o roteiro, há dois anos, não houve um interesse imediato da televisão holandesa. O sertão nordestino e minha forma de retratá-lo não se enquadram na noção que os holandeses têm do Brasil, que é geralmente relacionada com praias, futebol e favelas.
 

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