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01/02/2007 - 09h22

Três gerações do samba se encontram no Sesc Vila Mariana

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Sucursal do Rio da Folha de S.Paulo

Teresa Cristina tinha apenas seis anos quando, em 1974, Leci Brandão subiu ao palco da extinta boate Monsieur Pujol, em Ipanema (zona sul do Rio), para fazer seu primeiro show profissional. A seu lado estava Dona Ivone Lara, que já era havia muitos carnavais uma das estrelas da escola de samba Império Serrano, além de cantora e compositora respeitada.

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Sambistas D.Ivone Lara ( esq ), 85, e Leci Brandao, 60, apresentam-se juntas
Sambistas D.Ivone Lara ( esq ), 85, e Leci Brandao, 60, apresentam-se juntas
Essas três gerações se encontram de amanhã a domingo no Sesc Vila Mariana, no show "Santíssima Trindade do Samba", título que constrange a caçula Teresa Cristina. "Eu diria: 'Menos'. Ainda tenho que comer muito arroz com feijão", avalia a cantora.

Em comum, as três têm o pioneirismo. Dona Ivone foi a primeira mulher a levar um samba-enredo para a avenida (na época, a Presidente Vargas): "Os Cinco Bailes da História", parceria com Silas de Oliveira e Bacalhau que o Império Serrano cantou em 1965.

Aos 85 anos, ela não tem desfilado mais. "Eu gosto de vir no chão, mas não dá mais para mim. Em carro, eu não quero", afirma a cantora, que por muito tempo integrou a ala das baianas da escola.

Em função de compromissos profissionais, Leci Brandão já vai para o terceiro Carnaval sem desfilar pela Mangueira. Em 1972, ela foi a primeira mulher a ser aceita na ala de compositores da verde-e-rosa.

"Eu ainda passaria por um batismo de fogo dois anos depois: estava na casa do Cartola, e o meu nome foi citado na roda de partido-alto. E, pela primeira vez, eu versei [improvisar versos]", conta ela, que acabou se tornando uma craque do partido-alto.

Pé espalhado

Com Dona Ivone, Leci, 62, já dividiu o palco várias vezes. Em 1982, no Projeto Pixinguinha, a mangueirense recebeu da imperiana um alerta que nunca esqueceu.

"Eu tinha o costume de cantar descalça. Ela me disse: 'Você dança com o pé espalhado. Tem que dançar miudinho. Passei a sambar miudinho' e, depois, desisti de cantar descalça", lembra ela, que diz ter aprendido também outras lições com Dona Ivone.

"Quando eu a conheci, ela já era uma grande compositora, tocava cavaquinho e tinha essa poesia toda. Dona Ivone é a única mulher para quem eu bato pandeiro. É uma referência", exalta Leci.

Para Teresa, pioneira por se destacar na revitalização musical da Lapa carioca, são duas referências com quem dividir as apresentações: Leci é a "mulher guerreira" e "grande compositora", e Dona Ivone é simplesmente "sinistra".

"Há dois anos, eu e o Grupo Semente fizemos oito shows com participação dela. Nos sete primeiros, segurei a onda. Mas, no último, na hora de anunciá-la, travei de tanta emoção. Como sou manteiga derretida, fico sem saber o que fazer diante dela para não chorar", conta Teresa.

Cantora da noite, ela está acostumada a interpretar clássicos de Dona Ivone, como "Tendência", "Sonho Meu", "Alguém me Avisou" e "Acreditar", que ficarão a cargo da autora no Sesc Vila Mariana.

Teresa interpretará "Candeeiro", "Acalanto" e outros sambas seus. Já Leci cantará clássicos como "Isso É Fundo de Quintal". No final, elas se juntarão em "Sorriso Negro".

Cristina Buarque

Outra importante sambista carioca faz shows em São Paulo: a portelense Cristina Buarque se une ao grupo Terreiro Grande, a partir de hoje, para duas semanas de temporada no teatro Fecap (qui. a sáb., às 21h, e dom., às 19h, na av. Liberdade, 532, tel. 3089-6999, R$ 10).

No repertório, sambas conhecidos e desconhecidos de Candeia, Zé Keti, Ismael Silva e muitos outros.

"Santíssima Trindade do Samba", com Dona Ivone Lara, Leci Brandão e Teresa Cristina
Quando: amanhã e sáb., às 21h; dom., às 18h
Onde: Sesc Vila Mariana (rua Pelotas, 141, 0/xx/11/5080-3000)
Quanto: entre R$ 7,50 e R$ 20

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