08/02/2007 - 16h58

Filme sobre Santa Teresa de Jesus é criticado na Espanha

da France Presse, em Madri

Um filme sobre Santa Teresa de Jesus, dirigido pelo escritor e cineasta espanhol Ray Loriga, recebeu fortes críticas da Igreja Católica. Religiosos consideram que seu autor "não entendeu" a figura religiosa.

"Teresa, o Corpo de Cristo" apresenta a relação da poeta com Cristo de um ponto de vista sensual. "A relação mística de Santa Teresa com a figura de Cristo como uma aproximação carnal chega ao limite do aceitável", afirmou o diretor do Departamento de Cinema da Conferência Episcopal Espanhola, Juan Orellana, numa entrevista concedida à agência Europa Press.

Divulgação

Paz Vega vive a santa em filme

A produção, estrelada pelas atrizes Paz Vega e Leonor Watling, conta a história de dona Teresa de Cepeda y Ahumada (1515-1582), que se transformaria na famosa mística Santa Teresa de Jesus. O filme reflete a ambição de uma mulher que resiste em aceitar seu papel de mulher num mundo de homens e luta para não se limitar a ser esposa e mãe.

Descoberta sua vocação, Teresa entra para um convento, onde acabará se decepcionando porque percebe que, dentro de seus muros, reina o materialismo e a mesma frivolidade daqueles de quem ela estava fugindo. Ela decide então iniciar uma cruzada de oração e sacrifício que a transforma primeiro numa rebelde, depois numa líder e, finalmente, numa santa.

"O diretor tentou fazer uma aproximação com Santa Teresa de um ponto de vista feminista, como uma mulher à frente de seu tempo, mas não a partir da experiência cristã", considerou Orellana.

Já Paz Vega afirmou que o segundo filme de Ray Loriga (com estréia no próximo 9 de março na Espanha), traz "um pouco de humanidade" a Santa Teresa de Jesus. "No colégio, você estuda a Teresa escritora e a poeta e, nos colégios religiosos, você estuda a Teresa fundadora. Mas não te ensinam nada sobre a Teresa mulher, a Teresa dentro de sua cela, a Teresa que sente, com suas dúvidas, suas contradições. Essa é a Teresa que mostramos nesse filme", disse a atriz.

Loriga, por sua vez, não nega que o filme possa provocar polêmica: "Se houve polêmica no século 16, certamente haverá agora, o que mostra o pouco progresso da Igreja Católica nos últimos séculos", afirmou o cineasta.

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