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17/02/2007 - 09h01

Entre dúvidas, Festival de Berlim elege hoje seus premiados

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SILVANA ARANTES
Enviada especial da Folha de S. Paulo a Berlim

O 57º Festival de Berlim chega ao fim hoje com um favorito da crítica --"Irina Palm", de Sam Garbarski-- e muitas interrogações sobre como o júri definirá os vencedores que serão anunciados nesta noite.

Único filme a realmente empolgar o festival, "Irina Palm" é uma comédia ou uma "tragicomédia romântica não-políticamente correta", como o diretor define seu filme sobre a dona-de-casa de classe média inglesa que se torna uma trabalhadora do ramo do sexo, para ter dinheiro suficiente ao tratamento médico do neto.

Seja qual for o rótulo de "Irina Palm", filmes que fazem a platéia rir --e ele faz-- não costumam levar o prêmio principal de festivais sérios, como é o caso de Berlim, um dos três mais importantes do mundo --ao lado de Cannes e Veneza.

O filme de Garbarski também cacifou a cantora e atriz Marianne Faithufull, que interpreta a protagonista, ao Urso de Prata de melhor atriz. E, nessa categoria, a disputa é acirrada pelas interpretações da francesa Marion Cotillard (como Édith Piaf, em "La Vie en Rose") e a chinesa Yu Nan, a Tuya de "Tuya's Marriage".

Política

Num ano em que a seleção do festival se dividiu entre filmes com grandes temas políticos ou sobre relações familiares em desequilíbrio, o presidente do júri é o norte-americano Paul Shrader, cineasta e roteirista de filmes como "Taxi Driver" e "Touro Indomável", ambos estrelados por Robert De Niro, que assina, como diretor, um dos 22 filmes concorrentes --"O Bom Pastor".

Quando foi questionado se gostou do filme do colega De Niro, Shrader ergueu a mão direita e disse: "Está vendo estes dedos aqui? Se eu responder a essa pergunta, eles serão cortados fora".

O presidente do júri, no entanto, deu uma boa pista do tipo de cinema que aprecia, ao falar de seu mais recente filme, "The Walker", apresentado em Berlim obviamente fora de competição. "The Walker" é um retrato das relações sociais e políticas em Washington, a partir da vida de um homossexual que é amigo de todas as horas de mulheres da alta sociedade, ou seja, casadas com políticos. "Não acho que "The Walker" seja um filme político nem um filme gay, mas sim um filme sobre um personagem", disse Shrader, ressaltando que a história deve vir antes da "mensagem" do filme.

Por esse critério, o candidato brasileiro, "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger, fica bem cotado. Afinal, a ditadura brasileira dos 70 e a paixão do país pelo futebol ilustram, mas não se apossam, da trajetória do personagem principal, o garoto Mauro (Michel Joelsas), que tem de ser virar por conta própria quando seus pais, militantes, vão para a clandestinidade.

Mas há outros filmes na competição que obedecem à regra segundo a qual a história dos personagens é o que de fato importa. É o caso do italiano "In Memoria di Me" (em memória de mim), segundo filme de Saverio Costanzo ("Invasão de Domicílio"), do chinês "Tuya's Marriage", de Wang Quanan, e sobretudo do também chinês "Lost in Beijing", de Li Yu.

Além do Urso de Ouro de filme, o festival premia, com o Urso de Prata, as categorias diretor, ator, atriz, música e "contribuição artística extraordinária" e Prêmio Especial do Júri. O prêmio Alfred Bauer destaca o filme que "leva a arte do cinema para novas direções".

Shrader tem ao seu lado no júri a atriz Hiam Abbass, os atores Mario Adorf, Willem Dafoe e Gael García Bernal, a produtora Nansun Shi e a montadora Malene Stensgaard.

Especial
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