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01/03/2007 - 14h42

Carta indica fetiche de compositor Wagner por roupas femininas

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da Ansa, em Londres

O compositor alemão Richard Wagner (1813-1883) tinha tendências fetichistas e de travesti, segundo uma carta, até agora inédita, que o músico enviou a uma loja de moda em Milão. A carta, que foi publicada pela revista especializada "The Wagner Journal", descreve com riqueza de detalhes um vestido que o compositor teria encomendado, supostamente para sua esposa, Cosima.

Reprodução
Compositor Richard Wagner (1813-1883) revela fetiches em carta
Compositor Richard Wagner (1813-1883) revela fetiches em carta
"O corpete deverá ter o colo alto, ser de encaixe e apresentar cintas, as mangas devem ser justas e o vestido será esvoaçante, de cetim. Ele será muito amplo, e com uma cauda, e terá um laço atrás e outro na frente", escreveu Wagner. Na carta, o compositor pede também que não fossem usados alfinetes.

O co-diretor do "The Wagner Journal", Barry Millington, disse ao jornal inglês "The Guardian" que a carta, de janeiro de 1874, "alenta a teoria de que o compositor mostrava certas tendências de travesti". A carta, que está guardada nos Estados Unidos, segundo o especialista, "indica um interesse muito detalhado, se não fetichista, por minúcias da roupa feminina".

Para Millington, o compositor da ópera "Tannhäusere" tinha "um lado feminino muito pronunciado". "Um exemplo disso é sua necessidade de usar roupa íntima de seda e cetim, evidentemente porque sofria de erisipela [doença infecciosa aguda caracterizada por uma inflamação da pele]", explica o pesquisador.

O "The Guardian" informou que um dos discípulos de Wagner, Hans von Wolzogen, chegou a escrever que, em certa ocasião, o compositor se apresentou vestido com uma jaqueta de mulher. Outra anedota conta que o músico fugiu de seus credores vienenses, em 1864, vestido com roupas femininas. Em outra carta, datada de novembro de 1869 e endereçada a um alfaiate, Wagner encomenda "um traje negro que possa ser usado na rua, com ou sem 'cazavoika', ou em casa, como combinação".

Cosima

Em seu diário, Cosima nunca mencionou a chegada dessas roupas, o que faz supor que, talvez, o compositor as tenha encomendado para si próprio.

Reprodução
Compositor alemão Richard Wagner com sua mulher, Cosima (esq)
Compositor alemão Richard Wagner com sua mulher, Cosima (esq)
O escândalo se tornou público em 1877, cinco anos antes da morte do músico, quando um jornalista publicou detalhes de roupas íntimas que Wagner havia encomendado a uma costureira.

Para Joachim Koechler, autor de "Richard Wagner: O Último dos Titãs", o músico foi "um compositor travesti, que precisava de uma aura de feminilidade para estimular os sentidos".

De acordo com o biógrafo, a última ópera de Wagner (Parsifal) "aparentemente exigia um determinado ambiente para dar asas à sua inspiração". Para tanto, Wagner teria "colocado em seu entorno uma série de almofadas em cetim rosa e perfumadas".

"Precisava obviamente desse ambiente muito refinado e sensual, quase fetichista", destaca Millington, para quem Cosima, descrita como uma mulher masculina e organizada, "era incapaz de satisfazer plenamente suas necessidades sexuais".

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