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11/03/2007
-
02h30
RAQUEL COZER
colaboração para a Folha de S.Paulo
Antes do "BBB", da novela, até mesmo da radionovela, o que "pegava" na audiência era o radioteatro, a transmissão radiofônica de clássicos da dramaturgia mundial. Pois é esse o formato que a Cultura FM recupera hoje, em plena noite de indicação ao paredão do "BBB" (porém mais cedo, às 21h), na estréia de seu "Palco Sonoro".
No primeiro programa da série, Lima Duarte interpreta "Meu Tio, o Iauaretê", de Guimarães Rosa. O ator, que começou a carreira no rádio, dá voz ao caçador de onças mameluco que vai se metamorfoseando enquanto mistura, em seu discurso, traços do índio, do branco e da próprio bicho.
Mensal, o programa pretende levar nomes do teatro e da TV a interpretar obras clássicas para a rádio -entre os já confirmados, estão Antônio Petrin e Denise Del Vecchio em "A Morte do Caixeiro Viajante", de Arthur Miller.
"Estamos começando com um texto literário porque a prosa do Guimarães Rosa se presta muito ao rádio. Existe uma paisagem sonora; nesse sertão você não vê as folhas, você as ouve. Mas a idéia é centrar mais em peças de teatro", diz a dramaturga Sylvia Lohn, idealizadora do projeto.
A dramaturgia é novidade na Cultura FM, que tem programação mais focada na música erudita. "É um programa bom para se ouvir no escuro, com uma caixa de som em cada lado.
Usamos a estereofonia para mostrar o deslocamento do personagem, a movimentação, a profundidade. Exploramos todos os recursos que o rádio permite", diz Lohn.
Pílulas
A se julgar por um resgate parecido feito pela BandNews FM, a idéia pode dar certo. "Quadrante", quadro de leituras feitas por Paulo Autran, levou o Grande Prêmio da Crítica da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) em 2005, ano de estréia da rádio.
Nas pílulas espalhadas ao longo da programação, Paulo Autran faz leituras de textos de autores como Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade e Fernando Sabino.
"É impressionante a resposta do público. Gente de todas as classes vem falar comigo que vê, que adora", diz Paulo Autran. "Quadrante" é, na realidade, a reedição de um quadro que o ator estreou em 1957 na Rádio MEC do Rio. "O programa era exibido diariamente e era o único da rádio que batia todas as rádios comerciais em audiência. Durou até o golpe de 64, quando mudou a direção da rádio, veio um imbecil e tirou do ar", diz o ator.
Leia mais
Ouça trechos de "Palco Sonoro" e "Quadrante"
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Lima Duarte
Lima Duarte interpreta Guimarães Rosa na FM
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colaboração para a Folha de S.Paulo
Antes do "BBB", da novela, até mesmo da radionovela, o que "pegava" na audiência era o radioteatro, a transmissão radiofônica de clássicos da dramaturgia mundial. Pois é esse o formato que a Cultura FM recupera hoje, em plena noite de indicação ao paredão do "BBB" (porém mais cedo, às 21h), na estréia de seu "Palco Sonoro".
No primeiro programa da série, Lima Duarte interpreta "Meu Tio, o Iauaretê", de Guimarães Rosa. O ator, que começou a carreira no rádio, dá voz ao caçador de onças mameluco que vai se metamorfoseando enquanto mistura, em seu discurso, traços do índio, do branco e da próprio bicho.
Mensal, o programa pretende levar nomes do teatro e da TV a interpretar obras clássicas para a rádio -entre os já confirmados, estão Antônio Petrin e Denise Del Vecchio em "A Morte do Caixeiro Viajante", de Arthur Miller.
"Estamos começando com um texto literário porque a prosa do Guimarães Rosa se presta muito ao rádio. Existe uma paisagem sonora; nesse sertão você não vê as folhas, você as ouve. Mas a idéia é centrar mais em peças de teatro", diz a dramaturga Sylvia Lohn, idealizadora do projeto.
A dramaturgia é novidade na Cultura FM, que tem programação mais focada na música erudita. "É um programa bom para se ouvir no escuro, com uma caixa de som em cada lado.
Usamos a estereofonia para mostrar o deslocamento do personagem, a movimentação, a profundidade. Exploramos todos os recursos que o rádio permite", diz Lohn.
Pílulas
A se julgar por um resgate parecido feito pela BandNews FM, a idéia pode dar certo. "Quadrante", quadro de leituras feitas por Paulo Autran, levou o Grande Prêmio da Crítica da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) em 2005, ano de estréia da rádio.
Nas pílulas espalhadas ao longo da programação, Paulo Autran faz leituras de textos de autores como Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade e Fernando Sabino.
"É impressionante a resposta do público. Gente de todas as classes vem falar comigo que vê, que adora", diz Paulo Autran. "Quadrante" é, na realidade, a reedição de um quadro que o ator estreou em 1957 na Rádio MEC do Rio. "O programa era exibido diariamente e era o único da rádio que batia todas as rádios comerciais em audiência. Durou até o golpe de 64, quando mudou a direção da rádio, veio um imbecil e tirou do ar", diz o ator.
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