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18/03/2007
-
09h53
RAFAEL CARIELLO
da Folha de S.Paulo
"Quando vão a livrarias, as pessoas querem ler --e ser lidas também", afirma Rui Campos, diretor da Livraria da Travessa, tradicional casa carioca.
A idéia de criar um ambiente sofisticado e, ao mesmo tempo, agradável, que prenda o consumidor e faça com que ele freqüente e permaneça na livraria --tanto quanto comprar livros-- explica em boa parte o sucesso da Travessa. E chega --o "conceito", como dizem publicitários-- agora a São Paulo.
Com grande importância para o projeto arquitetônico e o ambiente "sofisticado", a Livraria da Vila e a Livraria Cultura abrem novas lojas, que nascem com a ambição de ser, mais do que pontos de varejo, lugares "cult" e de encontro na cidade.
São também a resposta de redes mais tradicionais e de referência na venda de livros --para além dos best-sellers e obras de rápida circulação-- à internet e a "megastores" como a Fnac e a Saraiva.
De fato, se o objetivo do consumidor for apenas adquirir este ou aquele livro, o método mais fácil é recorrer ao comércio eletrônico, em sites como Amazon ou Submarino.
Outras grandes redes são capazes de articular a venda de livros com a de produtos eletrônicos ou até eletrodomésticos --o que descaracterizaria marcas como a da Cultura e a da Livraria da Vila. A saída de ambas foi investir em algo tão etéreo quanto "sofisticação" e "ambiente", mas que pode ser medido e percebido, de alguma forma, nos metros quadrados, cafés, restaurantes, teatros e auditórios de suas novas lojas.
Quando abrir hoje, oficialmente, as portas de sua nova loja na alameda Lorena, 1.731, a Livraria da Vila terá a oferecer a seus clientes cerca de 1.000 m2 divididos em três andares --um deles dedicado às crianças e à literatura infanto-juvenil, outro primordialmente aos livros e um terceiro para CDs e DVDs--, onde também se encontram um bar e um pequeno auditório para até 70 pessoas.
Aliás, "portas" é modo de dizer. Em seu lugar, na entrada da loja, há estantes giratórias, repletas de livros, que se abrem para a passagem do freguês.
Dentro, também, há livros para todo lado --são 180 mil ao todo--, até em "estantes" inacessíveis em vãos entre os andares e, em fotos, de "costas", como se fossem as prateleiras vistas por trás, nos banheiros.
A idéia do espaço da loja é do arquiteto Isay Weinfeld, responsável por projetos de luxo em São Paulo como a Casa Fasano.
"Nos últimos poucos anos, houve uma certa "sofisticação", uma preocupação com que a livraria fosse também um lugar gostoso, charmoso e funcional, acompanhando a evolução do próprio mercado editorial", afirma Samuel Seibel, dono da Livraria da Vila.
Sua livraria, ele diz, mudou como os livros, que em anos recentes passaram a valorizar mais o design das capas, ficaram "mais atraentes e bonitos", com edições e coletâneas mais "sofisticadas". Ele pede, no entanto, cuidado com a palavra, para que não pareça uma preocupação fútil. "É antes de mais nada uma questão de bom gosto. Não é "sofisticado" no sentido elitista. Não há essa preocupação", afirma Seibel.
"Ambiente de sebo"
O projeto da nova Livraria Cultura, com abertura prevista para os próximos meses, tem semelhanças com o da loja de Seibel, embora numa escala maior. Ocupará o espaço do antigo Cine Astor, no mesmo Conjunto Nacional, "sede" da livraria. Terá, no entanto, 4.000 m2, em três andares, teatro para 200 pessoas --equipado com aparato para comportar peças-- e um restaurante no meio da loja e galeria de arte.
Além de livros, claro. Toda essa grandiosidade será compatível, segundo Fernando Brandão, arquiteto da loja, com "um ambiente de sebo", com luz agradável e conforto intimista para os clientes. "Não é um supermercado de livro. Não tem luz de supermercado. Nas livrarias convencionais, a primeira coisa que você vê é o caixa. Na Cultura não será assim."
"Será um grande espaço acolhedor e agradável. É um lugar de que as pessoas certamente vão gostar de fazer parte", diz.
Por que essa preocupação com o ambiente? Brandão afirma que "São Paulo vai ficando uma cidade muito difícil". "As pessoas procuram lugares agradáveis, e as livrarias são lugares mágicos. As bibliotecas deveriam ser esse espaço --mas é uma pena que no Brasil não seja assim."
Colaborou EDUARDO SIMÕES
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da Folha de S.Paulo
"Quando vão a livrarias, as pessoas querem ler --e ser lidas também", afirma Rui Campos, diretor da Livraria da Travessa, tradicional casa carioca.
A idéia de criar um ambiente sofisticado e, ao mesmo tempo, agradável, que prenda o consumidor e faça com que ele freqüente e permaneça na livraria --tanto quanto comprar livros-- explica em boa parte o sucesso da Travessa. E chega --o "conceito", como dizem publicitários-- agora a São Paulo.
Com grande importância para o projeto arquitetônico e o ambiente "sofisticado", a Livraria da Vila e a Livraria Cultura abrem novas lojas, que nascem com a ambição de ser, mais do que pontos de varejo, lugares "cult" e de encontro na cidade.
São também a resposta de redes mais tradicionais e de referência na venda de livros --para além dos best-sellers e obras de rápida circulação-- à internet e a "megastores" como a Fnac e a Saraiva.
De fato, se o objetivo do consumidor for apenas adquirir este ou aquele livro, o método mais fácil é recorrer ao comércio eletrônico, em sites como Amazon ou Submarino.
Outras grandes redes são capazes de articular a venda de livros com a de produtos eletrônicos ou até eletrodomésticos --o que descaracterizaria marcas como a da Cultura e a da Livraria da Vila. A saída de ambas foi investir em algo tão etéreo quanto "sofisticação" e "ambiente", mas que pode ser medido e percebido, de alguma forma, nos metros quadrados, cafés, restaurantes, teatros e auditórios de suas novas lojas.
Quando abrir hoje, oficialmente, as portas de sua nova loja na alameda Lorena, 1.731, a Livraria da Vila terá a oferecer a seus clientes cerca de 1.000 m2 divididos em três andares --um deles dedicado às crianças e à literatura infanto-juvenil, outro primordialmente aos livros e um terceiro para CDs e DVDs--, onde também se encontram um bar e um pequeno auditório para até 70 pessoas.
Aliás, "portas" é modo de dizer. Em seu lugar, na entrada da loja, há estantes giratórias, repletas de livros, que se abrem para a passagem do freguês.
Dentro, também, há livros para todo lado --são 180 mil ao todo--, até em "estantes" inacessíveis em vãos entre os andares e, em fotos, de "costas", como se fossem as prateleiras vistas por trás, nos banheiros.
A idéia do espaço da loja é do arquiteto Isay Weinfeld, responsável por projetos de luxo em São Paulo como a Casa Fasano.
"Nos últimos poucos anos, houve uma certa "sofisticação", uma preocupação com que a livraria fosse também um lugar gostoso, charmoso e funcional, acompanhando a evolução do próprio mercado editorial", afirma Samuel Seibel, dono da Livraria da Vila.
Sua livraria, ele diz, mudou como os livros, que em anos recentes passaram a valorizar mais o design das capas, ficaram "mais atraentes e bonitos", com edições e coletâneas mais "sofisticadas". Ele pede, no entanto, cuidado com a palavra, para que não pareça uma preocupação fútil. "É antes de mais nada uma questão de bom gosto. Não é "sofisticado" no sentido elitista. Não há essa preocupação", afirma Seibel.
"Ambiente de sebo"
O projeto da nova Livraria Cultura, com abertura prevista para os próximos meses, tem semelhanças com o da loja de Seibel, embora numa escala maior. Ocupará o espaço do antigo Cine Astor, no mesmo Conjunto Nacional, "sede" da livraria. Terá, no entanto, 4.000 m2, em três andares, teatro para 200 pessoas --equipado com aparato para comportar peças-- e um restaurante no meio da loja e galeria de arte.
Além de livros, claro. Toda essa grandiosidade será compatível, segundo Fernando Brandão, arquiteto da loja, com "um ambiente de sebo", com luz agradável e conforto intimista para os clientes. "Não é um supermercado de livro. Não tem luz de supermercado. Nas livrarias convencionais, a primeira coisa que você vê é o caixa. Na Cultura não será assim."
"Será um grande espaço acolhedor e agradável. É um lugar de que as pessoas certamente vão gostar de fazer parte", diz.
Por que essa preocupação com o ambiente? Brandão afirma que "São Paulo vai ficando uma cidade muito difícil". "As pessoas procuram lugares agradáveis, e as livrarias são lugares mágicos. As bibliotecas deveriam ser esse espaço --mas é uma pena que no Brasil não seja assim."
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